Um cidadão da China teve coragem de realizar um protesto raro antes da chegada de vários líderes globais ao desfile militar em Pequim, projetando slogans anti-comunistas em um edifício na cidade de Chongqing, conforme informou a agência ‘Reuters’.

Mensagens gigantescas que diziam “só sem o Partido Comunista há uma nova China” e “abaixo o fascismo vermelho, derrubem a tirania comunista” foram exibidas em um arranha-céu. O dissidente Li Ying compartilhou um vídeo do protesto, que alcançou 18 milhões de visualizações na rede social ‘X’ — em outro clipe, é possível ver a polícia invadindo um quarto de hotel vazio onde o projetor estava montado.

De acordo com a agência, o manifestante é Qi Hong, um nativo de Chongqing de 43 anos, que revelou ao ‘New York Times’ que instalou o projetor em agosto, antes de deixar a China com sua esposa e filhas. Ele também comentou que controlou o projetor e uma câmera de segurança no quarto remotamente da Grã-Bretanha, transmitindo as imagens por 50 minutos antes que a polícia localizasse o equipamento.

O protesto ocorreu poucos dias antes do desfile militar em Pequim, que foi planejado para demonstrar a autoridade de Xi. “O verdadeiro significado está na coragem persistente de cidadãos que ousam criticar abertamente o líder chinês e exigir reformas democráticas em meio a uma repressão crescente”, declarou Maya Wang, diretora associada da Human Rights Watch para a Ásia.

Qi compartilhou que passou muitos anos como trabalhador migrante no sul da China, onde enfrentou abusos e detenções esporádicas pela polícia, antes de se mudar para Pequim e iniciar um pequeno empreendimento de comércio eletrônico. Ele expressou seu desencanto com o Governo durante os severos lockdowns da pandemia de Covid-19 e queria manifestar sua oposição à “educação patriótica cega” nas instituições de ensino.

Ele também relatou que seu irmão e sua mãe idosa, que ainda estão na China, foram ameaçados pelas autoridades após o protesto.

Protestos públicos contra o Partido Comunista são extremamente incomuns, em parte devido à intensa vigilância, à censura online e à repressão da liberdade de expressão e do ativismo popular promovidos pelo Governo.