“Ele foi um jovem pioneiro, possuindo uma visão que antecipava aquilo que seria crucial para a evangelização”, comenta o padre, especialista em comunicação aplicada.

Lamego, 06 de setembro de 2025 (Ecclesia) – O padre Luís Rafael Azevedo dedicou um capítulo de sua obra ‘A relevância da linguagem informal na comunicação da Igreja’ a Carlo Acutis, ressaltando sua “autenticidade” e habilidade em “entender” as formas “naturais de transmitir a mensagem de Jesus”.

“Carlo Acutis possuía a capacidade de identificar as formas mais naturais de disseminar uma mensagem que lhe era fundamental, a mensagem de Jesus. A Igreja precisa aprender com isso; em cada época, a mensagem de Jesus deve alcançar as pessoas através dos meios disponíveis”, comentou o sacerdote da Diocese de Lamego, em declarações à Agência ECCLESIA.

Carlo Acutis (1991-2006) nasceu em Londres, onde seus pais estavam a trabalho, e faleceu aos 15 anos na cidade de Monza (Itália), devido a leucemia; o Papa Leão XIV presidirá no próximo domingo sua canonização, às 10h00 (menos uma hora em Lisboa), na Praça de São Pedro; o Vaticano já divulgou o Missal para a celebração, destacando o uso da informática pelo jovem italiano.

“É interessante observar que Carlo estava adiante de seu tempo. Hoje, consideramos normal lidar com tecnologia e informática como algo absolutamente essencial, mas no seu tempo, isso não era tão evidente. Ele conseguiu, mais do que um jovem comum de sua época, vislumbrar a importância dessas ferramentas para a evangelização”, continuou padre Luís Rafael Azevedo.

A partir da figura de Carlo Acutis, nos dias atuais, o autor do livro ‘A relevância da linguagem informal na comunicação da Igreja: De 30 d.C ao tempo do 5G’ frisa a “autenticidade” na comunicação, ressaltando que “ele era um rapaz que conseguia expressar o que sentia em seu coração”.

“Hoje, conhecemos seu modo de ser, sua maneira de viver, fundamentada na bondade; ele era simples e humilde, e isso era parte integrante de seu estilo de comunicar. Essas qualidades ainda têm um grande impacto na vida de Carlo, tocando as pessoas até os dias de hoje”, acrescentou.

“Podemos afirmar que, atualmente, a Igreja precisa ser autentica na sua comunicação. Não existem fórmulas infalíveis; há sim diversas abordagens que podem ser empregadas, mas que não devem nunca desconsiderar a verdade. É nesse aspecto que reside o segredo de Carlo Acutis.”

O padre Luís Rafael Azevedo afirma que com a canonização de Carlo Acutis, a Igreja Católica tem também como objetivo principal inspirar adolescentes e jovens a seguirem um caminho semelhante ao que ele viveu, integrando-a na cotidianidade, “com os talentos e habilidades que Deus lhe proporcionou”, encontrando um caminho de “felicidade para si e para os outros, voltado para a eternidade”.

“Existem muitos elementos na vida dos nossos jovens que são indícios de santidade, e é por esse caminho que devemos trilhar. É evidente que o contexto mudou ao longo do tempo, especialmente na comunicação, e é bastante provável que se Carlo vivesse atualmente, ele precisaria utilizar outros métodos e formas de se expressar”, concluiu, sobre essa canonização que é uma “proposta para os jovens” e uma “provocação” à santidade.

O sacerdote, que é especialista em comunicação, também alertou para os “perigos que existem”, diferentes da época de Carlo Acutis, e ressaltou que a Igreja deve adentrar no universo online e na tecnologia, e compreender como essa dinâmica funciona, a fim de “comunicar de maneira efetiva, autêntica e com qualidade”. Ele recordou que o Papa Leão XIV, no Jubileu dos Jovens, comentou sobre algoritmos e a maneira como a tecnologia pode desumanizar as pessoas, transformando-as em meros produtos.

No mês de maio deste ano, o padre Luís Rafael Azevedo participou de uma peregrinação jubilar a Roma, e também esteve em Assis, onde está enterrado Carlo Acutis, descrevendo essa experiência como “muito gratificante”, notando a “capacidade de atração” que o jovem possui; ele leu todo o material referente ao capítulo de sua tese “diante do túmulo de Carlo Acutis”.

CB/OC

Vaticano: «Millennial» Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati, amigo dos pobres, são os primeiros santos do papado de Leão XIV