
Os diversos barcos que formavam a frota humanitária Sumud foram interceptados no início de outubro, após quase um mês navegando pelo Mediterrâneo. A iniciativa, liderada pela ativista sueca Greta Thunberg e por várias figuras políticas europeias — como a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua — visava romper o bloqueio naval imposto por Israel na Faixa de Gaza e proporcionar assistência humanitária aos residentes do enclave palestiniano.
Esse tema se destacou nas notícias ao longo de setembro, especialmente após relatos de supostos ataques de drones israelenses às embarcações da frota. Diante dessa aparente ameaça à segurança, o governo espanhol foi o primeiro a agir, disponibilizando um navio da marinha para acompanhar a pequena frota composta por ativistas de diferentes nacionalidades, garantindo que novos ataques não ocorressem.
O respaldo oferecido pela Espanha e a valorização da missão não foram seguidos pela maioria dos outros países europeus. Durante essa iniciativa, grupos políticos mais alinhados ao apoio a Israel nesse conflito que perdura há mais de dois anos começaram a investigar as fontes de financiamento da frota Sumud, disseminando amplamente relatórios que supostamente indicam que os ativistas teriam recebido recursos de pessoas ligadas ao Hamas, o grupo palestiniano que controla a Faixa de Gaza.
Embora não exista confirmação oficial da frota sobre a origem dos fundos utilizados na missão humanitária, a discussão sobre o tema se manteve durante toda a viagem até o Oriente Médio. Nas redes sociais, surgiu uma alegação relacionada à primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, a respeito do assunto. “Greta [Thunberg] foi planejada e financiada pelo Hamas como uma ameaça à democracia”, afirma-se online.
A partir dessa suposta citação, busca-se insinuar que Meloni acredita que a frota foi financiada pelo Hamas, manifestando total descontentamento pela iniciativa, considerando-a uma “ameaça à democracia”. Contudo, não há qualquer registro de que essa afirmação tenha sido feita por Meloni — não foi reportada em nenhum meio de comunicação ou canal oficial da primeira-ministra.
A italiana já havia criticado a frota. “Isso é tudo gratuito, perigoso e irresponsável”, declarou a líder política quando os ativistas estavam a apenas uma semana de alcançar seu destino. “Não se deve colocar em risco a própria segurança; não é necessário ir a uma zona de conflito para oferecer assistência a Gaza que o governo italiano e as autoridades competentes poderiam enviar em poucas horas”, acrescentou Meloni à imprensa em Nova Iorque, poucas horas antes de discursar na Assembleia Geral da ONU.
Apesar disso, a Itália foi um dos países que se uniu à Espanha ao designar uma embarcação da Marinha para garantir a segurança dos quatro deputados italianos e de mais de 50 cidadãos envolvidos na missão. “Apelo verdadeiramente à responsabilidade de todos, pois não podemos comprometer a segurança das pessoas com iniciativas que parecem destinadas principalmente não a fornecer ajuda, mas a criar problemas ao governo”, sustentou a primeira-ministra em declarações feitas durante setembro.
Giorgia Meloni expressou críticas sobre as ações da frota Sumud. “Temo que a tentativa da frota de romper o bloqueio naval israelense possa ser usada como justificativa [para impedir um cessar-fogo]. Por essa razão, acredito que a frota deve interromper suas atividades e aceitar uma das várias propostas feitas para a entrega segura da ajuda. Qualquer escolha diferente corre o risco de se tornar um instrumento contra a paz, intensificando o conflito e atingindo especialmente a população de Gaza a quem se disse querer ajudar. É hora de sermos sérios e responsáveis”, escreveu a chefe do governo na rede social X.
Con il piano di pace per il Medio Oriente proposto dal Presidente degli Stati Uniti, Donald Trump, si è finalmente aperta una speranza di accordo per porre fine alla guerra e alla sofferenza della popolazione civile palestinese e stabilizzare la regione. Un equilibrio fragile,…
— Giorgia Meloni (@GiorgiaMeloni) 30 settembre 2025
Não se limitando a criticar a frota — especialmente quando foi sugerido que navios oficiais italianos poderiam garantir a entrega da ajuda humanitária — não há registros de qualquer declaração de Meloni referente às alegações de que Greta e os demais ativistas teriam recebido financiamento do Hamas ou que serviriam como uma “ameaça à democracia”, tal como afirmam as publicações nas redes sociais.
Conclusão
Embora Giorgia Meloni tenha criticado a atuação da frota humanitária Sumud no transporte de assistência humanitária até Gaza, não há fundamento para associar a ativista Greta Thunberg ao Hamas de acordo com declarações registradas da primeira-ministra italiana.
Dessa forma, conforme o sistema de avaliação do Observador, esta informação é:
INCORRETA
Nosistema de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente errôneas. Geralmente, essa opção corresponde às classificações “falso” ou “predominantemente falso” nos sites de checagem de fatos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador como parte de uma parceria de verificação de fatos com o Facebook.
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