O Dia de Finados, comemorado anualmente em 2 de novembro, é um momento oficial reservado para tributar respeito aos falecidos. No entanto, muitos portugueses misturam essa data com o Dia de Todos os Santos, que se celebra em 1 de novembro. Essa sobreposição de recordações e costumes gerou uma tradição que funde as duas datas, criando confusão entre as pessoas.

A razão para essa confusão reside na praticidade e nos horários de trabalho. Sendo um feriado, 1 de novembro facilita o deslocamento da maioria das famílias aos cemitérios, possibilitando homenagear os entes queridos sem atrapalhar as obrigações do cotidiano. Frequentemente, essa prática leva ao adiantamento da homenagem para um dia antes, resultando na ideia de que o Dia de Finados coincide com o Dia de Todos os Santos.

Conforme especialistas em tradições culturais, “a proximidade das datas e a conveniência do feriado fizeram com que muitos portugueses acabassem por celebrar ambas as datas no mesmo dia, confundindo suas particularidades históricas e religiosas”.

O Dia de Finados remonta ao século X, na França, quando o abade Odilo de Cluny, em 2 de novembro de 998, orientou os membros da sua abadia a dedicarem orações pelas almas dos que partiram. Essa prática transformou-se em tradição religiosa e rapidamente se espalhou pela Europa, firmando-se no calendário litúrgico da Igreja Católica.

Com o passar do tempo, a celebração adquiriu um caráter internacional, acompanhando a disseminação do catolicismo. Durante a colonização da América Central, a data tornou-se especialmente importante, dando origem a festividades locais que reverenciam os mortos. Países como o México e a Guatemala celebram essa efeméride com eventos conhecidos como “Dia de Los Muertos” — ou “Dia dos Mortos” — que incluem tributos coloridos, oferendas e rituais para lembrar os familiares que partiram.

A prática de antecipar as visitas aos cemitérios para 1 de novembro estabeleceu-se, ao longo do tempo, como uma tradição popular em Portugal, apesar da data oficial para as homenagens ser 2 de novembro. Este fenômeno cultural reflete a intersecção entre as necessidades práticas e as tradições, criando hábitos que diferem do calendário litúrgico original.