
O almirante Gouveia e Melo afirma que decidiu candidatar-se a Belém após ler uma reportagem no Expresso, que mencionava que Marcelo Rebelo de Sousa queria impedir sua candidatura presidencial ao promovê-lo à liderança da Armada.
“Foi essa matéria que me fez traçar um novo caminho. Ao lê-la, senti um grande desagrado”, declara o ex-comandante do Estado-Maior da Armada, no livro “Gouveia e Melo – As Razões”, uma extensa entrevista orientada pela jornalista e diretora-adjunta do Diário de Notícias, Valentina Marcelino, que será lançada na próxima quinta-feira e oficialmente apresentada dia 24, sob a editora Porto Editora.
A reportagem do Expresso, escrita pelo jornalista Vitor Matos e publicada em outubro de 2024, sugeria que Marcelo queria reconduzir Gouveia e Melo como chefe do Estado-Maior da Armada a fim de evitar sua candidatura, mas ele deixou claro que só aceitaria essa proposta com investimentos substanciais na marinha, mencionando até a aquisição de novos submarinos.
Gouveia e Melo, que já havia aludido a tentativas de bloquear sua candidatura a Belém através de sua promoção ao comando das Forças Armadas, desta vez aponta o dedo para o Presidente da República e para o Governo.
“Na verdade, o Governo – assim como o senhor Presidente da República – parecia não se importar com as questões de defesa, além de fazer meras correções nos salários dos militares. Logo, deduzi que o que desejavam era que eu ficasse vinculado à Marinha, com a possibilidade de, ao final, ser CEMGFA e alcançar o auge da carreira militar. Suponho que pensaram que eu ficaria extremamente satisfeito por receber tal ‘oportunidade’”, expõe.
O almirante, que liderou a Marinha e o processo de vacinação contra a covid-19, sugere que a tática para impedir sua candidatura falhou completamente: “Essas pessoas realmente não me conheciam… essa é a única coisa que eu nunca aceitaria: ser um príncipe apenas para cortar fitas”.
“Quiseram me dar destaque sem me conceder autoridade para agir. Agradeço, mas foi nesse momento que decidi: vou me inserir no âmbito das verdadeiras decisões, a política”, afirma.
Henrique Gouveia e Melo não hesita em criticar a classe política, mencionando “um certo autismo em relação às mudanças e um perigoso distanciamento do que se avizinhava”, citando o contexto internacional e a possível reeleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
“Pensei, ‘se eles não demonstram preocupação, permanecer aqui não faz sentido; meu contributo só será valioso do lado de fora, no meio político’”, admite.
No livro, com 236 páginas, Gouveia e Melo critica Marcelo Rebelo de Sousa por ter feito uma declaração “muito desconfortável” sobre a sucessão do almirante Mendes Calado na liderança da Marinha em 2021, dizendo que “não era necessário que o almirante Gouveia e Melo pressionasse o almirante Mendes Calado”.
“Essa frase foi realmente destrutiva”, sustenta o candidato a Belém, assegurando que não pressionou ninguém e que Marcelo acabou reconhecendo isso mais tarde. Contudo, essas afirmações, juntamente com o fato de Mendes Calado estar “descontente com o Governo” da época, criaram um “ambiente tenso, insustentável”.
Em relação às eleições presidenciais de 18 de janeiro, Henrique Gouveia e Melo afirma que seu “principal adversário” não está nas urnas, mas sim no “preconceito disfarçado de democracia”.
Quanto à observação de Luís Marques Mendes, que disse que a eleição de Gouveia e Melo poderia ser “um grande risco, até um perigo para a democracia”, o almirante responde apenas: “Senti que o candidato Luís Marques Mendes havia perdido a noção por um instante…”.
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