“Esta é a minha última comunicação enquanto coordenadora deste partido e inicio por dizer que ter aceitado esta responsabilidade junto de vocês foi o maior orgulho da minha vida”, discursou Mariana Mortágua na abertura da 14.ª Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, realizada no Pavilhão Municipal do Casal Vistoso, em Lisboa.

No mesmo espaço em que, há cerca de dois anos, foi eleita coordenadora do BE, Mortágua fez uma reflexão sobre seu mandato, afirmando que aprendeu muito e que não leva consigo “nenhum ressentimento, muito menos desânimo”.

“Não escolhemos o tempo em que vivemos, mas decidimos como queremos vivê-lo e com quem. E em épocas desafiadoras, foi ao lado de vocês no Bloco de Esquerda que eu desejei estar, e é junto de vocês que quero estar por tudo o que somos e por tudo o que seremos futuramente,” acrescentou.

Mortágua, que subiu ao palanque com um ‘keffiyeh’ sobre os ombros, um lenço xadrez em preto e branco que simboliza a causa palestiniana, recordou o período em que participou de uma flotilha internacional destinada a levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

“Não me arrependo de nenhum desses dias em que não nos desviámos do adversário e sei que continuaremos com a mesma determinação. A Palestina será livre,” enfatizou.

Ao participar desta flotilha, Mariana Mortágua expressou ter sentido o apoio de um partido “firme, que não desiste de nada”.

“Sabemos quem somos. Somos a inquietação do que ainda está por fazer. As perguntas que ainda não conseguimos responder. Somos a impaciência de uma jornada que busca seu horizonte com a força de quem deseja transformar a espera em torrente. E somos a firmeza das raízes profundas na vida do nosso povo. Aqui, neste partido, a combatividade não é um defeito, é a nossa essência, é a fibra que nos compõe,” destacou.

A bloquista compartilhou com os militantes do partido “um segredo” que os “desalmados da extrema direita e os mentirosos das redes sociais jamais compreenderão”, em resposta às críticas que recebeu pela sua participação na flotilha.

“É que as amizades formadas na luta por justiça, na experiência compartilhada dessa luta, são laços para a vida inteira. São vínculos criados na coragem comum de árabes e europeus, africanos e americanos do Sul e do Norte. Juntos, todas essas pessoas, juntas fomos a voz da consciência do mundo contra a barbárie que tentam nos impor,” criticou, enquanto a audiência entoava “A Palestina vencerá”.