
As tartarugas-cabeçudas possuem duas habilidades distintas para perceber o campo magnético da Terra, mas os cientistas ainda não tinham descoberto qual delas elas utilizam para interpretar o mapa magnético que herdam ao nascer. Novas descobertas de pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, publicadas no Journal of Experimental Biology, revelam que as tartarugas recém-nascidas usam sua capacidade de sentir forças magnéticas para determinar sua posição ao longo das longas rotas migratórias.
No momento em que deixam a praia onde nasceram, as jovens tartarugas-cabeçudas iniciam jornadas que podem se estender por milhares de quilômetros e durar décadas. Mesmo nesse estágio inicial, elas não viajam de forma aleatória. Os filhotes vêm equipados com uma bússola magnética que as auxilia a manter a direção, além de um mapa magnético que fornece informações sobre sua localização, essenciais para uma navegação bem-sucedida.
Duas Maneiras que os Animais Detectam o Magnetismo da Terra
Os cientistas sabem que os animais conseguem perceber campos magnéticos de duas maneiras gerais. Uma possibilidade envolve moléculas sensíveis à luz que reagem a condições magnéticas e poderiam permitir que o animal visse padrões magnéticos. A outra envolve pequenos cristais de magnetita no corpo, que se deslocam em resposta a forças magnéticas, permitindo que o animal sinta o campo. Até recentemente, não estava claro qual desses dois sistemas possibilitava que os filhotes de tartaruga-cabeçuda determinassem sua localização no vasto oceano, levando a equipe de pesquisa a investigar.
Pesquisas anteriores realizadas por Kayla Goforth, Catherine Lohmann, Ken Lohmann e seus colegas mostraram que os filhotes de tartaruga-cabeçuda podem associar um campo magnético específico à chegada de comida. Em vez de programar um reflexo semelhante ao dos cães de Pavlov, as tartarugas reagem com uma “dança” enérgica. Elas levantam parte do corpo acima da água, abrem a boca e movem as nadadeiras dianteiras de maneira animada.
Os pesquisadores treinaram os filhotes alimentando-os enquanto os colocavam em um determinado campo magnético, fazendo com que eles realizassem essa dança sempre que se deparassem com aquela mesma assinatura magnética.
Utilizando Pulsos Magnéticos para Testar os Sentidos das Tartarugas
“Elas são muito motivadas por comida e ansiosas para dançar ao pensarem que há uma possibilidade de serem alimentadas”, afirma Alayna Mackiewicz, da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.
A equipe de pesquisa percebeu que esse comportamento treinado poderia ajudar a identificar qual senso magnético as tartarugas estavam usando. Elas expuseram os filhotes a um forte pulso magnético, que interferiu temporariamente na capacidade das tartarugas de sentir forças magnéticas. Se as tartarugas parassem de dançar após isso, indicaria que normalmente usam um senso magnético táctil. Se continuassem dançando, sugeriria que dependem de um outro tipo de detecção magnética.
Treinar as tartarugas exigiu paciência. “É realmente divertido, mas consome bastante tempo”, diz Mackiewicz, que, junto com Dana Lim (Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill), gastou 2 meses alimentando 8 filhotes recém-nascidos de tartaruga-cabeçuda enquanto os expunham ao campo magnético encontrado ao redor das ilhas Turcas e Caicos. Isso assegurou que as tartarugas aprenderiam a dançar quando mais tarde encontrassem aquele mesmo campo. Elas também treinaram outro grupo de filhotes para reconhecer o campo magnético próximo ao Haiti.
Cada tartaruga foi colocada dentro de uma grande bobina metálica que emitia um forte pulso magnético, projetado para perturbar temporariamente sua habilidade de perceber forças magnéticas. Depois, os pesquisadores moveram os filhotes para o campo magnético que haviam sido treinados para reconhecer, para observar se dançariam.
Provas de que os Filhotes Dependem do Toque Magnético
Após a exposição ao pulso, os filhotes dançaram com menos frequência, fornecendo evidências de que utilizam um senso magnético baseado no tato para determinar sua localização no mapa herdado, em vez de depender da visão.
Os pesquisadores observam que os filhotes podem usar outras pistas para entender sua posição no oceano, mas a capacidade de sentir o campo magnético da Terra claramente desempenha um papel central.
Essas jovens tartarugas também são conhecidas por usar outro senso magnético que pode lhes permitir ver campos magnéticos, ajudando-as a determinar a direção. Juntas, essas duas habilidades se complementam e ajudam os filhotes a entender tanto onde estão quanto qual direção devem seguir durante sua notável migração.
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