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A Igreja Católica preservou a Cultura Ocidental

“Muito mais do que as pessoas percebem, a Igreja Católica influenciou o tipo de civilização que habitamos e o perfil
<p>A Igreja Católica preservou a Cultura Ocidental</p>

“Muito mais do que as pessoas percebem, a Igreja Católica influenciou o tipo de civilização que habitamos e o perfil dos indivíduos que somos.”
Thomas Woods

Desde a minha infância, sempre fui uma pessoa curiosa e interessada, especialmente na área da História, o que me levou a questionar o porquê de uma representação tão distorcida da Igreja, conforme retratada nos currículos escolares. Com o tempo, tornei-me consciente de que essa perspectiva é, em grande parte, resultado de um preconceito que se originou na sociedade pós-Revolução Francesa, sendo perpetuada por meio de livros didáticos e por alguns dos nossos educadores.

Adicionalmente, a influência cultural dominante que observamos, impulsionada principalmente por obras como Código Da Vinci, de Dan Brown, e o recente filme Conclave, oferece visões distorcidas, errôneas e, de certa forma, maliciosas, que não têm base histórica. Isso resulta em uma análise extremamente superficial de um rico legado cultural de dois milênios.

Contudo, é chegado o momento para que nós, estudantes, pesquisadores e educadores, nos aprofundemos na História, especialmente nós, cristãos, buscando entender o “outro lado”. A história cristã abrange homens e mulheres, alguns exemplares e outros falíveis, mas que nos deixaram um legado imenso.

Um fato histórico indiscutível é a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, que já havia sido saqueado por Alarico em 410. Apesar de sua relevância política e social ter sido reduzida após a transferência da capital para Constantinopla em 330, essa queda foi um evento crucial que mudou a dinâmica política, social e econômica da Europa. Em um cenário de instabilidade e fragmentação, a Igreja foi fundamental na configuração da civilização que hoje admiramos, na qual se valorizam a liberdade, a dignidade humana e a busca pelo saber.

É o Cristianismo que possibilitou o desenvolvimento das ciências modernas, a benéfica economia de mercado, a segurança jurídica fundamentada na justiça e na equidade, a caridade como um princípio de virtude, bem como o esplendor das Artes e da Música, além dos avanços na agricultura e nas ciências rurais – muitos outros aspectos poderiam ser mencionados sobre nossa História. O historiador Dr. Thomas Woods, da Universidade de Harvard, afirma que “Muito mais do que as pessoas têm consciência, a Igreja Católica moldou o tipo de civilização em que vivimos e as características das pessoas que somos. (…) A Igreja Católica não apenas extirpou práticas abomináveis do mundo antigo, como o infanticídio e os combates de gladiadores, mas, após a queda de Roma, restaurou e construiu uma nova civilização” (How Catholic Church Built Western Civilization, Regury Publishing Inc., Washington DC, 2005.). Mesmo historiadores de uma vertente marxista, que não são particularmente favoráveis ao Cristianismo, como Jacques Le Goff, reconhecem a Igreja como a estrutura fundamental da sociedade medieval, moldando a cultura, a cosmovisão e o imaginário do período.

A estabilidade em torno do Bispo de Roma, o Papa, ofereceu uma referência sólida em um mundo que havia perdido sua ordem antiga, a Pax Romana. Os líderes da Igreja souberam se reinventar, adaptando-se às transformações da época, criando novas formas de evangelização em um contexto muito diverso, onde coexistiam cultos ínfimos, alguns pagãos e outros heréticos. Figuras como Santo Agostinho, São Bento de Núrsia e São Leão Magno, entre outros, conseguiram encontrar um propósito profundo na queda de Roma, moldando uma civilização alicerçada em dois princípios essenciais: o amor a Deus e a missão proposta por Cristo, na disseminação da Boa-Nova (Evangelium). Em um mundo diverso, habitado por diferentes povos – como os Visigodos, Ostrogodos, Vândalos, Suevos, Alanos, Anglos e Saxões – a única instituição sólida e coesa era a Igreja Católica, algo que os reis “bárbaros” estavam plenamente cientes, o que levou às conversões que se darão nos séculos seguintes. As conversões de Clóvis por volta de 500 e a coroação de Carlos Magno em 800 evidenciam essa centralidade.

O monaquismo desempenhou um papel crucial, começando no século III, quando homens e mulheres deixaram a vida secular, mas não o mundo, priorizando a busca pelo Reino de Deus e vivendo as virtudes de maneira heroica e radical. No Oriente, surgiram os Padres do Deserto, com Santo Antão como referência; no Ocidente, São Bento de Núrsia, desiludido com a riqueza das grandes metrópoles, estabeleceu uma comunidade que se tornaria um dos maiores mosteiros beneditinos. Nestes locais, o conhecimento prosperou, muitos textos antigos foram copiados e preservados, além de importantes estudos em Filosofia e Teologia. Em adição ao conhecimento intelectual, a transformação da terra foi realizada pelos monges, que, ao chegarem a novos territórios, se dedicaram ao desenvolvimento agrícola e pecuário, trabalhando arduamente para drenar pântanos e tornar terras inférteis mais produtivas. François Guizot, um autor francês do século XIX, que era crítico da Igreja, reconheceu que “Os monges beneditinos foram os grandes impulsionadores da agricultura na Europa; eles a expandiram consideravelmente, associando a prática agrícola à oração.”

No decorrer dos séculos XII e XIII, observamos o surgimento do conhecimento organizado em Universidades, promovidas pela Igreja. Há inúmeros exemplos de universidades que permanecem até hoje, fundadas nesse período: Bolonha, Paris, Oxford, Cambridge, Coimbra, Salamanca e Roma. As novas ordens mendicantes, como os franciscanos e dominicanos, adentraram as Faculdades e trouxeram mestres renomados, como São Boaventura e São Tomás de Aquino, figuras essenciais para a Teologia.

Reduzir a Idade Média à ideia de “Idade das Trevas” é uma simplificação injusta. Apesar de ter enfrentado crises em seu período final, trata-se de um milênio extremamente rico em termos culturais, científicos, artísticos e espirituais – um legado frequentemente ignorado nas aulas de História.

Atualmente, em diversas partes do mundo, testemunhamos uma verdadeira tentativa de destruir aquilo que nossos antepassados tanto valorizaram. A destruição prevalece, assim como o conflito, a discórdia e o cancelamento. Cabe a nós, que nunca nos contentamos com a “narrativa oficial”, reverter essa tendência e honrar a tradição pela qual nossos “nobres ancestrais” lutaram ardentemente.

Comecemos pelo fundamental: não hesitar em desejar um Feliz Natal ao invés de Boas Festas por medo de sermos considerados politicamente incorretos. Defender nossas crenças é também um ato de consciência histórica. O Deus-Menino veio até nós; não devemos perder a chance de recebê-lo e de proclamá-lo a outros, como os anjos fizeram com os pastores e com os Magos do Oriente.

Um Feliz e Santo Natal a todos.

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