As Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr) estão se preparando para lidar com até mil feridos por dia em caso de um conflito entre a OTAN e a Rússia. “De maneira realista, estamos considerando cerca de 1.000 soldados feridos diariamente”, reconheceu o cirurgião-geral Ralf Hoffmann em uma entrevista à agência de notícias ‘Reuters’.

O general detalhou que o serviço médico do Exército alemão, que conta com 15.000 membros, será ampliado para atender às futuras necessidades, além de estar ajustando seu treinamento, uma vez que “a dinâmica da guerra mudou radicalmente” desde a invasão da Ucrânia pela Rússia. De acordo com o especialista, os ferimentos por projéteis estão sendo substituídos por lesões provocadas por explosões e queimaduras originadas por drones.

Hoffmann também mencionou a chamada “zona de morte”, um termo utilizado pelos soldados ucranianos para descrever o corredor de 10 quilômetros de extensão de cada lado da linha de combate, repleto de drones projetados para eliminar alvos. “Os ucranianos frequentemente não conseguem evacuar seus feridos com a rapidez necessária, pois os drones estão por toda parte”, destacou Hoffmann, que enfatizou a crescente urgência de estabilizar soldados com ferimentos graves no campo de batalha.

Diante dessa nova realidade, Hoffmann enfatizou que o Exército alemão está desenvolvendo opções flexíveis para o transporte de feridos, utilizando trens ou ambulâncias, além de expandir a evacuação médica aérea. Os feridos receberão cuidados iniciais na linha de frente antes de serem transferidos para a Alemanha para tratamento em hospitais civis. O responsável destacou que serão necessárias cerca de 15.000 camas hospitalares para atender os soldados feridos, das 440.000 disponíveis nas instituições de saúde alemãs.

A Alemanha não é o único país que está se preparando para a eventualidade de um conflito com a Rússia. Neste verão, a ministra da Saúde da França, Catherine Vautrin, confirmou que instruiu os hospitais em todo o país a se prepararem para acolher “milhares de soldados feridos” em caso de um conflito armado em larga escala na Europa.

Essas orientações incluem um plano específico para centros médicos especializados, destinados a receber pacientes provenientes de áreas de combate. Esses centros deverão ser localizados próximos a estações de trem, terminais rodoviários, portos ou aeroportos.

Tanto a França quanto a Alemanha estão considerando a possibilidade de um conflito armado com a Rússia, e seus representantes já tornaram isso público. O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, afirmou no Bundestag que é fundamental reforçar as capacidades operacionais das Forças Armadas alemãs para se preparar para uma potencial guerra em 2029, sendo essencial assegurar financiamento, equipamentos e pessoal.

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da França, general Thierry Burkhard, também alertou que a Rússia pode estar se preparando para realizar um ataque militar convencional contra um país da OTAN até 2030.