A Federação dos Bombeiros Portugueses (FBP) realiza, hoje e no domingo, em Alcobaça, o congresso nacional “num período de notável descontentamento” dos bombeiros voluntários que pedem respostas do Governo sobre financiamento, carreiras e apoio ao voluntariado.

Durante o congresso, que reúne mais de 700 participantes, será decidida a realização de manifestações caso o Governo não ofereça garantias sobre a resolução das questões e o cumprimento do seu programa.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, e a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, estarão presentes na cerimónia inaugural do congresso, que será encerrado no domingo pelo secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha.

Em declarações à Lusa, o líder da FBP, António Nunes, destacou “o momento de considerável insatisfação” no setor, afirmando que “apenas promessas do Governo não serão suficientes para tranquilizar” os bombeiros.

António Nunes revelou que há 10 moções a serem discutidas durante o congresso, que exigem uma “clara resposta do Governo” em relação ao financiamento das associações humanitárias de bombeiros, à criação de uma carreira para os bombeiros com a correspondente remuneração e ao suporte ao voluntariado.

Além de todos esses problemas, que persistem há vários anos, as associações humanitárias ainda não receberam este ano o pagamento pelas despesas extraordinárias incorridas durante o combate aos incêndios rurais, ressaltou António Nunes, acrescentando que algumas corporações têm despesas extraordinárias superiores a 250 mil euros apenas no mês de agosto.

As despesas extras que as corporações de bombeiros têm com alimentação, combustíveis e veículos de combate avariados estão estimadas este ano em cerca de 20 milhões de euros.

António Nunes lembrou que o Governo tinha prometido no seu programa que as despesas seriam saldadas em 30 dias.

A FBP contesta ainda o valor previsto no Orçamento do Estado para o financiamento das corporações de bombeiros voluntários no próximo ano, que é cerca de 37 milhões de euros, defendendo que o montante mínimo a ser transferido para as associações humanitárias deve ser de 49,38 milhões de euros.

Este congresso, que ao longo de dois dias reunirá membros da direção e comando das associações humanitárias de toda a nação, realiza-se sob o lema “congresso da certeza”, justificado, segundo a FBP, pela “certeza de que a atual situação nas associações é insustentável e precisa de mudança”.

A Liga é composta por 436 associações humanitárias de bombeiros que existem em território nacional.