
Um coletivo de jovens defensores e representantes de nações de língua portuguesa se reunirá nesta segunda-feira, em Lisboa, para aprovar um documento que solicita a reformulação das cimeiras climáticas da ONU, propondo que tanto a adolescência como as mulheres obtenham um assento formal e direito a voto nas decisões. O texto será revelado durante a conferência “Abrindo Caminhos para a COP30”, coorganizada pela ONG portuguesa Último Recurso e pelo Pacto Climático Europeu, em colaboração com outras instituições.
Os jovens ativistas de países lusófonos vão exigir que as delegações nas cimeiras climáticas atendam a critérios básicos de representatividade e que os compromissos assumidos sejam acompanhados por processos de transparência e prestação de contas. O manifesto aprovado seguirá para Belém do Pará, a cidade brasileira onde a COP 30 acontecerá a partir de 10 de novembro, como uma contribuição política da juventude lusófona para a próxima cimeira global sobre o clima.
O documento foi elaborado nos meses anteriores à conferência por jovens de várias nações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP que estão envolvidos no projeto internacional “Nada Sobre Nós Sem Nós”, um programa dedicado a capacitar delegados juvenis e a fortalecer a participação da juventude nos processos decisórios das negociações climáticas da ONU. O texto é fruto de discussões entre os delegados jovens e será apresentado e debatido em Lisboa como uma mensagem política unificada da juventude lusófona, antes de ser levado para as negociações da COP30 no Brasil.
Mariana Gomes, fundadora da ONG Último Recurso e embaixadora do Pacto Climático Europeu, enfatiza que o pedido dos jovens “é simples, mas fundamental: deixar de serem apenas convidados e passar a ter poder de decisão”. O manifesto, segundo Mariana Gomes, “defende assentos formais, direito a voto e mecanismos que assegurem uma participação efetiva, acompanhados por formas de responsabilização que evitem que as promessas se tornem apenas palavras”. O objetivo é “romper com a lógica de presença simbólica e abrir espaço para uma participação real que possa influenciar resultados e políticas”.
A conferência “Abrindo Caminhos para a COP30” terá início às 9 horas, no Centro Ismaili, em Lisboa. O evento reunirá mais de 300 participantes, abrangendo representantes governamentais, especialistas e organizações da sociedade civil.
Entre os palestrantes confirmados estão Duarte Cordeiro, ex-ministro do Ambiente, a diplomata Ana Martinho, ex-secretária-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e o embaixador Raimundo Carreiro, representante do Brasil em Portugal e enviado oficial da presidência da COP30.
Academia também estará presente com nomes como Júlia Seixas, pró-reitora da Universidade NOVA de Lisboa, e Sofia Guedes Vaz, pesquisadora em Ambiente da mesma instituição, além de representantes da Comissão Europeia e jovens ativistas de língua portuguesa. O programa está dividido em cinco tópicos principais, abordando a reforma das COP, o papel da juventude e das mulheres na diplomacia climática, o financiamento de projetos liderados por jovens e a justiça climática na transição energética.
Adicionalmente, será apresentada a Carta da Juventude Lusófona, elaborada com contribuições de jovens de todos os países da CPLP. Este documento reúne propostas em áreas como financiamento climático acessível, suporte aumentado a Estados insulares, educação climática em português e reconhecimento jurídico da migração por motivos ambientais.
Mariana Gomes destaca que a Carta “demonstra que a juventude lusófona não está apenas demandando mudanças no sistema, mas também apresentando soluções concretas para uma transição justa”. Para a fundadora da Último Recurso e embaixadora do Pacto Climático Europeu, a conferência em Lisboa simboliza o início de uma trajetória política que culminará em Belém do Pará. “A crise climática não pode continuar a ser decidida sem a participação das novas gerações”, afirma Mariana Gomes. “Lisboa é apenas o ponto inicial, e Belém do Pará será o momento de confronto político onde queremos estabelecer a juventude lusófona como um ator legítimo nas negociações da COP30”, conclui.
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