Publicado em 7 de agosto na revista Nature Geoscience, a geógrafa Sophie Norris, da Universidade de Victoria (UVic), e sua equipe internacional oferecem a análise mais abrangente sobre a rapidez com que os glaciares erodem e transformam o ambiente. Mais importante ainda, a pesquisa também oferece uma estimativa da taxa de erosão contemporânea futura para mais de 180.000 glaciares ao redor do mundo.

Através de uma análise global baseada em aprendizado de máquina, Norris e sua equipe previram a erosão glacial para 85% dos glaciares modernos. Suas equações de regressão estimam que 99% dos glaciares erodem entre 0,02 e 2,68 milímetros por ano — aproximadamente a espessura de um cartão de crédito.

“As condições que provocam a erosão na base dos glaciares são mais complexas do que imaginávamos”, afirma Norris. “Nossa análise revelou que muitas variáveis influenciam fortemente as taxas de erosão: temperatura, quantidade de água sob o gelo, tipo de rochas na área e a quantidade de calor proveniente do interior da Terra.”

“Dada a extrema dificuldade de medir a erosão glacial em cenários ativos, este estudo nos fornece estimativas desse processo para locais remotos ao redor do globo”, comenta John Gosse, da Universidade de Dalhousie.

Compreender os fatores complexos que causam erosão sob os glaciares é informação crucial para a gestão da paisagem, armazenamento de resíduos nucleares a longo prazo e para o monitoramento do movimento de sedimentos e nutrientes globalmente.

Norris iniciou esse trabalho durante seu pós-doutorado em Dalhousie e o concluiu na UVic. O grupo de colaboradores incluiu a Universidade de Grenoble Alpes (França), Dartmouth College (EUA), Pennsylvania State University (EUA) e a Universidade da Califórnia em Irvine (EUA). O trabalho foi realizado em parceria e com apoio financeiro da Organização Canadense de Gestão de Resíduos Nucleares.