
No dia 16 de outubro celebramos o Dia Internacional da Alimentação. Este dia tem como objetivo incentivar a reflexão e a ação para erradicar a fome, assegurar a segurança alimentar e promover uma nutrição equilibrada para todos. O lema deste ano, “De mãos dadas por alimentos melhores e um futuro superior”, nos convida a considerarmos além da refeição. É um chamado à colaboração entre produtores, cientistas, autoridades e consumidores. No entanto, existe um outro componente ou parceiro que devemos incluir nessa discussão sobre alimentação: a nossa microbiota intestinal. E é a respeito da microbiota (e da importância de escolhas alimentares conscientes) que proponho focar nossa análise.
A microbiota não é um simples detalhe da nossa saúde ou um tópico recente. Ela representa um ecossistema vivo que influencia nosso metabolismo e sistema imunológico, e, cada vez mais, é reconhecida por afetar nossa saúde mental. Sua composição e funcionamento respondem rapidamente ao que consumimos. Uma dieta rica em frutas, vegetais, alimentos fibrosos, gorduras saudáveis e alimentos fermentados sustenta as comunidades microbianas benéficas em nosso organismo. Em contraste, dietas ricas em alimentos ultraprocessados, que contêm aditivos como emulsificantes e adoçantes que alteram a microbiota, além de gorduras saturadas, tendem a criar disbiose (desequilíbrio), o que está associado a um risco elevado de diversas doenças.
Se há evidência científica de que uma alimentação rica em fibras e variada é crucial para uma microbiota saudável e que esta, por sua vez, tem impacto direto em nossa saúde, por que a dieta contemporânea foca predominantemente em produtos ultraprocessados? Nos Estados Unidos, por exemplo, um estudo recente revelou que mais da metade das calorias consumidas pelos americanos provém de alimentos ultraprocessados. Essa tendência é observável em muitos outros países, com sérias implicações para a saúde pública.
As diretrizes europeias são claras, estabelecendo a ingestão ideal de fibras entre 25 e 35 g/dia para adultos. Esse é um objetivo simples, mensurável e com eficácia comprovada sobre nossa microbiota. Apesar disso, a maioria das populações ainda não atinge essa meta. Pequenas alterações, como optar por grãos menos refinados, leguminosas, uma variedade de vegetais, alimentos ricos em fitonutrientes e a inclusão ocasional de alimentos fermentados, podem ter um impacto significativo e cumulativo na nossa saúde.
Se o lema deste ano do Dia Mundial da Alimentação nos convida a unir esforços, essa colaboração deve ocorrer em diferentes níveis. Podemos pensar no âmbito político e regulatório; na esfera científica e educacional, que nos leva ao nível individual. É essencial promover a produção e o consumo de alimentos que beneficiem nossa saúde microbiana, traduzir informações complexas em orientações práticas e acessíveis e, finalmente, interessar-se pelo que realmente consumimos.
Esse convite é tanto prático quanto pessoal. Fazer escolhas alimentares informadas é um ato de cidadania que pode ser facilmente aplicado. Perguntas como “Este produto é principal e principalmente ultraprocessado?”, “Quantos gramas de fibra existem por porção?” ou “Estou consumindo diferentes tipos de vegetais ao longo da semana?” nos tornam consumidores mais exigentes e estimulam o mercado a oferecer opções melhores.
Convido você a considerar os alimentos como duas faces de uma mesma moeda. Uma face, como tradicionalmente a temos abordado, é seu objetivo imediato, como ser saciante, proporcionar prazer e ter um custo associado. A outra face é a que afeta e nutre nosso interior, tendo um impacto direto em nosso ecossistema microbiano e saúde. Todos nós, com as escolhas que fazemos diariamente, podemos interagir e contribuir de maneira concreta, cada vez que selecionamos um alimento. Celebrar o Dia Mundial da Alimentação implica em compreender verdadeiramente o efeito das nossas decisões. Pois a qualidade dos alimentos que escolhemos hoje reflete um investimento direto em nossa saúde e, consequentemente, no futuro que desejamos para as próximas gerações.
Todas as manchetes e destaques do dia do radiocMadeira.pt, entregues diretamente para você. Change the color of the background to the green indicated previously and make it occupy all the screen widely.
© 2025 radiocmadeira. Todos os direitos reservados