Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Biology Letters.

A Importância dos Laços Sociais para os Papagaios

“Ser social pode trazer muitos benefícios, mas essas amizades precisam começar de algum lugar”, afirmou Claire O’Connell, autora principal do estudo e estudante de doutorado na Faculdade de Artes e Ciências da UC.

O’Connell colaborou com a Professora Associada Elizabeth Hobson, a ex-pesquisadora de pós-doutorado Annemarie van der Marel, e o Professor Associado da Universidade de Princeton, Gerald Carter. Ela explicou que diversas espécies de papagaios desenvolvem relacionamentos fortes e duradouros com um ou dois parceiros. Esses companheiros próximos frequentemente passam muito tempo juntos, se cuidam mutuamente ou até formam parcerias reprodutivas. Segundo O’Connell, vínculos sólidos como esses estão frequentemente associados à redução do estresse e ao aumento do sucesso reprodutivo.

Os Riscos de Fazer o Primeiro Contato

Embora os benefícios de laços próximos sejam evidentes, aproximar-se de um estranho pode ser arriscado. O’Connell observou que aves que não estão interessadas na atenção de um recém-chegado podem reagir de forma agressiva, o que representa uma verdadeira possibilidade de ferimentos.

Para compreender melhor como essas interações iniciais ocorrem, os pesquisadores reuniram grupos de periquitos-monges capturados na natureza em um amplo recinto para voo. Alguns indivíduos nunca tinham se encontrado antes. A equipe registrou o momento em que novas conexões se formavam ao acompanhar quão próximas as aves permitiam que umas às outras chegassem e identificando quais pares se envolviam em comportamentos amigáveis, como a atividade de se cuidar, ao longo do tempo.

Acompanhando o Desenvolvimento de Relacionamentos

Mais de 179 relacionamentos foram analisados utilizando ferramentas computacionais e modelos estatísticos. O objetivo era determinar se a evolução de novos laços sociais correspondiam às expectativas de pesquisas anteriores sobre a ideia de “testar as águas”.

“Registrar os primeiros momentos entre estranhos pode ser desafiador, então ficamos realmente animados ao descobrir que nossos experimentos nos permitiram observar esse processo de perto,” disse O’Connell.

Os dados revelaram que os pássaros desconhecidos eram muito mais cautelosos ao se aproximar uns dos outros do que ao interagir com aves que já conheciam. Com o tempo, no entanto, muitos dos pares estranhos começaram a compartilhar o espaço de forma mais confortável e eventualmente se empoleiraram juntos, tocaram os bicos ou se cuidaram. Alguns pares foram ainda mais longe, compartilhando comida ou acasalando.

Um Padrão Observado em Outras Espécies Sociais

Os resultados foram semelhantes a um estudo realizado em 2020 sobre morcegos-vampiros, que mostrou que os recém-chegados também testam as águas, progredindo lentamente de relações de cuidado mútuo para parcerias mais substanciais de compartilhamento de alimento com companheiros confiáveis.

“O que é realmente fascinante sobre testar as águas é quão intuitivo isso parece,” comentou O’Connell.

Ela acrescentou que pode se identificar pessoalmente com isso. “Comecei a observar os periquitos pouco antes de me mudar para Cincinnati para iniciar meu mestrado,” disse. “Estava animada, mas também um pouco nervosa em fazer novas amizades. Ao mesmo tempo, estava literalmente assistindo os periquitos fazerem novas amizades, embora alguns tivessem mais sucesso do que outros. Comecei a perceber que havia algo que eu poderia aprender com os periquitos.”