A Iberdrola planeja apresentar uma queixa judicial contra Beatriz Corredor, presidente da Red Eléctrica, a responsável pelo sistema elétrico da Espanha, após suas declarações que atribuíram responsabilidades ao apagão de 28 de abril às companhias de geração, conforme noticiado por veículos de comunicação espanhóis nesta segunda-feira.

De acordo com “fontes jurídicas” mencionadas pela agência EFE e pelo jornal ‘El Mundo’, a empresa iniciará “ações legais” contra Beatriz Corredor. Durante uma audiência no Senado espanhol no dia 11 de setembro, Corredor afirmou que o apagão foi causado por falhas das empresas de eletricidade geradoras, sem citar nomes específicos.

No entanto, ela fez menção a uma usina solar na região de Badajoz, identificada pela imprensa espanhola como pertencente à Iberdrola. Beatriz Corredor alegou que essa unidade se comportou de maneira “inadequada” no dia do incidente, o que tornou o sistema “muito mais vulnerável”. Embora não tenha mencionado a Iberdrola diretamente, a empresa considera que essa “insinuação” prejudica “sua reputação”, conforme relatado pelas mesmas fontes jurídicas à EFE.

Em um relatório sobre o apagão apresentado em 18 de junho, a Red Eléctrica atribuiu a ocorrência a falhas nas obrigações das empresas geradoras e negou as acusações de má gestão. A diretora-geral de Operação da Red Elétrica, Concha Sánchez, afirmou: “Se os geradores com obrigação de controle dinâmico de tensão – aqueles conectados ao sistema no momento do incidente – tivessem cumprido suas obrigações, o apagão não teria ocorrido”.

A Red Eléctrica relatou que, após variações significativas no sistema às 12:03 locais de 28 de abril (30 minutos antes do apagão), várias usinas de produção se desconectaram, resultando no apagão total, mas o fizeram de maneira “incorrecta”, descumprindo obrigações, já que a tensão no sistema estava “totalmente dentro dos limites” legais.

A Red Eléctrica refutou ter cometido uma “má planificação” nos dias anteriores ao apagão, como sugerido em um relatório do Governo espanhol e pela associação de produtores de energia Aelec. Defendeu que o colapso poderia ter sido evitado se as empresas produtoras tivessem atendido às obrigações impostas pelo operador naquele dia.

O relatório apresentado pelo Governo em junho responsabilizou tanto a Red Eléctrica quanto as empresas geradoras pelo apagão, concluindo que houve má gestão por parte da Red Eléctrica, bem como descumprimentos por parte das geradoras.

O apagão ibérico de 28 de abril foi causado por uma sequência de desligamentos súbitos de fontes renováveis e pela subsequente perda de sincronização com a rede elétrica continental europeia, conforme o painel de especialistas europeus que investiga o incidente.

Um relatório divulgado este mês, elaborado por 45 especialistas de operadores de rede e reguladores de 12 países, classificou o ocorrido como “escala 3” — o nível mais grave previsto pela legislação europeia — e descreveu-o como “o mais significativo registrado no sistema elétrico europeu em mais de 20 anos”, impactando milhões de cidadãos e causando interrupções severas em serviços essenciais.

De acordo com a análise da Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade (ENTSO-E), a sequência de falhas teve início às 12:32 (hora de Bruxelas), quando várias usinas solares e eólicas no sul da Espanha se desconectaram abruptamente da rede, seguidas por perdas adicionais em áreas como Granada, Badajoz, Sevilha e Cáceres. O relatório observa que as análises realizadas pelos centros regionais de coordenação na véspera do incidente não haviam identificado riscos significativos.