
No próximo domingo, a Argentina realizará eleições legislativas cruciais que renovarão uma parte do Congresso nacional, funcionando praticamente como um referendo sobre a administração do presidente Javier Milei. Os resultados das votações influenciarão a capacidade do presidente de prosseguir com políticas de austeridade e reformas econômicas até o fim de seu mandato, em 2027.
Especialistas alertam que o resultado impactará diretamente a habilidade de Milei em aprovar leis e decretos, refletindo na economia e na estabilidade política do país.
Por que essas eleições são tão importantes para Milei?
As eleições garantirão a escolha de 127 das 257 cadeiras na Câmara dos Deputados e 24 dos 72 lugares no Senado. Atualmente, o partido de Milei, La Libertad Avanza (LLA), possui 36 deputados e 7 senadores, enquanto a coligação governista conta com 79 deputados e 14 senadores. Se não conseguir expandir sua influência legislativa, Milei enfrentará dificuldades para implementar reformas e poderá ver seus decretos rejeitados pelos opositores no parlamento.
Flávio Vegas, especialista da gestora Global X, destaca:
“Esta eleição pode ser um marco para a economia argentina e para o governo de Milei. Se ele não obtiver um bom resultado, a continuidade de sua agenda será bastante complicada e suas chances de reeleição em 2027 diminuirão.”
Quais políticas estão em jogo?
A administração de Milei implementou medidas rigorosas para controlar a inflação, que caiu de cerca de 20% ao mês para aproximadamente 2%. Essas ações incluem cortes nos gastos públicos e estratégias para atrair dólares, fortalecendo as reservas do Banco Central e quitando dívidas. Apesar dos resultados econômicos positivos, algumas dessas medidas são impopulares, uma vez que afetam o poder de compra da população.
Recentemente, a Argentina firmou acordos com o FMI e recebeu um suporte de 20 bilhões de dólares do governo dos EUA, através de um swap cambial, condicionando esse apoio ao sucesso eleitoral de Milei. O ex-presidente Donald Trump declarou em 14 de outubro:
“Estamos aqui para apoiar você nas próximas eleições. Se a Argentina for bem-sucedida, outros países seguirão o exemplo. Mas se não vencer, não poderá contar conosco. Se perder, não seremos generosos.”
O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, enfatizou a relevância do pleito:
“As eleições legislativas de meio de mandato são mais importantes do que as presidenciais de 2027. O mundo está de olho nessas eleições e deseja ver nosso povo reafirmar esse caminho.”
Qual é a meta do partido de Milei?
O objetivo do LLA é conquistar pelo menos um terço dos assentos no Congresso e no Senado, garantindo assim uma base sólida para aprovar suas propostas e impedir ações da oposição. A atual dependência do apoio de outros partidos limita a capacidade de Milei de levar adiante sua agenda, tornando os resultados desta eleição cruciais para a continuidade de suas políticas.
Quem são os principais adversários?
A oposição é liderada pela aliança de esquerda Fuerza Patria, que promete atuar como um obstáculo às políticas de Milei. Existe também uma terceira alternativa, Províncias Unidas, formada por seis governadores e lançada no final de julho, que busca conquistar cerca de 20 cadeiras na Câmara, representando aproximadamente 10% do total de deputados. Entre os líderes dessa plataforma estão Claudio Vidal (Santa Cruz), Ignacio Torres (Chubut), Martín Llaryora (Córdoba), Maximiliano Pullaro (Santa Fe) e Carlos Sadir (Jujuy).
Como estão as pesquisas de opinião?
Segundo o Instituto Rubikon Intel, divulgado pelo jornal Clarín em 15 de outubro, a disputa está muito acirrada:
LLA (Milei): 34,6%
Fuerza Patria: 32,2%
Províncias Unidas: 5,7%
A mesma pesquisa mostrou que 37,2% dos argentinos avaliam positivamente a gestão de Milei, enquanto 47,4% a consideram negativa. Além disso, 35% acreditam que o país está seguindo na direção correta, em contraste com 46,2% que acham que está indo pelo caminho errado. A legislação argentina proíbe a divulgação de novas pesquisas nos dias que antecedem a votação.
Como funcionam as eleições legislativas na Argentina?
O país realiza eleições legislativas a cada dois anos e presidenciais a cada quatro. O sistema utiliza listas fechadas, em que os eleitores votam em partidos, e não em candidatos individuais. As vagas são distribuídas pelo método d’Hondt e apenas os partidos com mais de 3% dos votos em um distrito conseguem assentos.
Quando os resultados serão divulgados?
As urnas fecham às 18h (horário local) e os primeiros resultados devem sair por volta das 19h30. Em 2023, a apuração alcançou 85% do total por volta das 22h30. Pesquisas de boca de urna podem ser divulgadas apenas após as 21h, três horas após o fechamento das votações.
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