António Costa não participou nas reuniões em Washington, e também não esteve no Alasca, mas nesse evento Ursula von der Leyen também não estava presente. Após isso, ambos estiveram em Paris, e António Costa visitou a Ucrânia. Está Ursula von der Leyen em sintonia com o Presidente do Conselho Europeu?
Parece claro que sim, há uma sintonia institucional e compartilhamos objetivos comuns. Naturalmente, existem discussões e diálogos que ocorrem. As agendas do Conselho foram criadas precisamente para permitir ajustes de posições. O essencial é que estamos cientes do nosso destino e sabemos exatamente qual é a nossa direção. A União Europeia tem mantido a sua unidade e continuará a fazê-lo, mesmo que nem todos os líderes estejam presentes nos mesmos eventos. O que importa é a substância do que fazemos, que somos participantes ativos no esforço para acabar com esta guerra e para apoiar a Ucrânia. Esse fato ninguém pode contestar ou, se o fizer, deverá realmente observar as ações concretas da União Europeia em termos de assistência e apoio à causa ucraniana.
António Costa representa Portugal e certamente trabalhou com ele durante a presidência portuguesa. Ele é a pessoa ideal para a função? Conseguiu comunicações no Conselho datadas a 26 sobre a Ucrânia e outras a 27 sobre diferentes tópicos. Isso demonstra que suas habilidades de negociação podem ser benéficas no contexto europeu e também para auxiliar a Ucrânia?
Sempre que um português ou portuguesa ocupa uma posição de destaque na União Europeia ou em outras organizações internacionais, isso é muito positivo, pois eleva a imagem de Portugal e destaca características bem conhecidas da diplomacia portuguesa. Recentemente discutimos sua capacidade de construir pontes e as relações já estabelecidas com diversos países terceiros. Portanto, isso é extremamente positivo. O Presidente António Costa foi eleito pelos 27 Estados-membros. Assim sendo, tem trabalhado de maneira bastante construtiva. Além disso, a função do Presidente do Conselho Europeu é garantir, de forma pragmática, que a agenda europeia seja implementada e seguida. Posso afirmar que tem havido uma colaboraçã excelente, com trabalho conjunto, pois todos desejamos defender os valores que estão na origem da criação da União Europeia e garantir que as pessoas na Europa desfrutem de melhores condições de vida, possam viver em liberdade e segurança, em países que respeitam o primado da justiça. Assim, é extremamente positivo que haja essa combinação institucional entre seus líderes. E aqui gostaria de incluir o Parlamento Europeu, que conta com pessoas bem preparadas e com a capacidade necessária para dialogar internacionalmente e promover a agenda europeia.
Maria Luísa Albuquerque é a nova comissária portuguesa. Como avalia os primeiros meses dela neste cargo?
Este novo mandato da Presidente Ursula von der Leyen é relativamente recente, mas considerando tudo o que tem ocorrido mundialmente, não faltam desafios. A comissária portuguesa é parte do colégio, é uma profissional extremamente qualificada, que conhece bem seu dossiê e portfólio. Ela conta com uma equipe excelente e tem estado muito ativa em contato com os Estados-membros e diferentes interlocutores, portanto, a avaliação que podemos fazer neste momento é positiva. Claro que enfrentamos muitos desafios e o trabalho continua, mas Portugal tem a sorte de contar com alguém tão bem preparado e com as qualificações humanas e profissionais necessárias para realizar uma excelente tarefa.
Você foi embaixadora da União Europeia em Cabo Verde. Lembro que em Malta, durante um congresso do PPE, o então Primeiro-Ministro de Cabo Verde disse: ‘O Reino Unido vai sair? Nós entraremos!’ Existe alguma possibilidade de Cabo Verde fazer parte da União Europeia um dia? Ou devido às limitações geográficas, será sempre um parceiro privilegiado?
Neste momento não posso falar sobre isso, pois não ocupo nenhuma função oficial relacionada a Cabo Verde. Posso compartilhar minha experiência passadas de um país que tem uma história incrível de resiliência, apesar da falta de recursos naturais, mas que possui os princípios da democracia e da liberdade profundamente enraizados. Nesse sentido, sempre houve um desejo e uma intenção de Cabo Verde de se aproximar da União Europeia. Atualmente, temos uma parceria especial com Cabo Verde que abrange diferentes setores, desde a facilitação da mobilidade das pessoas até acordos comerciais, incluindo acordos de pesca e acesso ao mercado único através do sistema de preferências generalizadas. Portanto, as relações entre a União Europeia e Cabo Verde têm se aprofundado, exatamente porque existe um quadro institucional em Cabo Verde que valoriza a democracia e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. A União Europeia é definida, antes de mais nada, por um contexto geográfico, e a geografia é, portanto, relevante. Dito isso, a aproximação entre a União Europeia e Cabo Verde tem sido uma realidade nos últimos anos e tem avançado nesse sentido. Durante séculos, os países expandiram seus territórios através da conquista, de forma agressiva e impondo poderes expansionistas. Na verdade, a União Europeia busca expandir seu território frequentemente, mesmo quando declara que não quer, já que cada vez mais países demonstram interesse em aderir a este clube democrático do qual fazemos parte. Às vezes, temos dificuldade em reconhecer o quão forte, importante e singular somos neste grupo de democracias onde, mesmo não sendo perfeito, os direitos, liberdades e garantias individuais são assegurados e protegidos. Devemos refletir sobre o que faz com que tantos outros países queiram se juntar a nós e o que precisamos garantir para que as futuras gerações continuem a usufruir desses direitos e liberdades, assegurando que possamos permanecer como países prósperos e democráticos.
O Observador participou no Enlargment CEmp, em Lviv, na Ucrânia, a convite da Agência Erasmus + num evento co-organizado pela Representação da Comissão Europeia em Portugal.
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