
Cientistas da Universidade de Queensland conseguiram produzir as primeiras imagens detalhadas e em alta resolução do vírus da febre amarela (YFV). A febre amarela é uma infecção transmitida por mosquitos, que pode causar graves danos ao fígado e é potencialmente letal.
O estudo revelou claras distinções estruturais entre a cepa da vacina há muito utilizada (YFV-17D) e as cepas que causam doenças graves.
Capturando o Vírus em Detalhes Quase Atômicos
De acordo com a Dra. Summa Bibby, da Escola de Química e Biosciência Molecular da UQ, os cientistas estudam a febre amarela há muitas décadas, mas esta é a primeira vez que um modelo 3D completo de uma partícula do vírus da febre amarela madura foi capturado em resolução quase atômica.
“Utilizando a plataforma do vírus Binjari, desenvolvida aqui na UQ, combinamos os genes estruturais da febre amarela com a estrutura do vírus Binjari, inócuo, e produzimos partículas virais que puderam ser examinadas com segurança por meio de um microscópio criogênico eletrônico,” disse a Dra. Bibby.
Ela explicou que a cepa da vacina apresenta uma superfície lisa e estável, enquanto a cepa virulenta tem um exterior visivelmente irregular e texturizado.
Como a Estrutura da Superfície Influencia o Reconhecimento Imune
Essas diferenças afetam a forma como o sistema imunológico identifica o vírus.
“A superfície irregular e cheia de protuberâncias das cepas virulentas expõe partes do vírus que normalmente estão ocultas, permitindo que certos anticorpos se liguem mais facilmente,” afirmou a Dra. Bibby.
“As partículas da vacina mantêm essas regiões cobertas, dificultando a ação de determinados anticorpos.”
Implicações para Vacinas e Saúde Global
A febre amarela continua a representar uma ameaça significativa à saúde pública em regiões da América do Sul e África. Como não existem tratamentos antivirais aprovados, a vacinação permanece essencial para a prevenção.
O Professor Daniel Watterson observou que as novas descobertas oferecem importantes insights sobre a biologia da febre amarela e podem orientar o desenvolvimento de vacinas melhoradas e ferramentas antivirais para este vírus e outros ortoflavivírus.
“A vacina contra a febre amarela continua eficaz contra cepas modernas, e observar o vírus em detalhes tão finos nos permite entender melhor por que a cepa da vacina se comporta da maneira que faz,” disse o Professor Watterson.
“Agora podemos identificar as características estruturais que tornam a vacina atual segura e eficaz.
“Essas descobertas podem até influenciar o design de futuras vacinas para vírus relacionados, como dengue, Zika e Oeste do Nilo.”
A pesquisa foi publicada na Nature Communications.
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