
A crise política na França agravou-se novamente nesta segunda-feira, após a renúncia do primeiro-ministro Sébastien Lecornu, apenas um mês depois de assumir o cargo. Emmanuel Macron, sob intensa pressão política e social, reagiu rapidamente, designando o premier demissionário para conduzir “as negociações finais” até a noite de quarta-feira, com o intuito de estabelecer “uma base de ação e estabilidade para o país”. O presidente francês afirmou que “assumirá suas responsabilidades” caso as discussões não tenham sucesso, conforme um comunicado oficial do Palácio do Eliseu.
A saída de Lecornu, que pediu demissão um dia após anunciar a formação de seu Governo, representa o quinto afastamento de um primeiro-ministro francês em dois anos e acirra o impasse político que persiste desde as eleições legislativas extraordinárias de 2024. Essas eleições foram convocadas após a derrota do partido de Emmanuel Macron, Renascimento, nas eleições europeias, permitindo uma ascensão significativa da extrema-direita da União Nacional, liderada por Marine Le Pen.
No texto de sua renúncia, Lecornu mencionou que “as condições para ser primeiro-ministro não estão presentes”, reconhecendo a dificuldade em formar uma maioria sólida na Assembleia Nacional.
Macron resiste à demissão e busca um último recurso político.
Apesar da crescente instabilidade e das demandas de renúncia provenientes de ambas as extremidades do espectro político, Emmanuel Macron reafirmou sua determinação de completar o mandato até maio de 2027, negando a possibilidade de renunciar ou convocar novas eleições legislativas a curto prazo.
“O presidente confiou ao senhor Sébastien Lecornu, o primeiro-ministro demissionário responsável pelos assuntos cotidianos, a tarefa de liderar as negociações de última hora até a quarta-feira à noite, para definir uma plataforma de ação e estabilidade para o país”, informou o comunicado do Eliseu.
Conforme informações obtidas pela Reuters e pela RTP, Macron deu a Lecornu um prazo de 48 horas para tentar restabelecer o diálogo entre as principais forças políticas e evitar um colapso institucional.
Lecornu confirmou sua participação nessas conversas por meio da rede social X, afirmando: “Aceitei, a pedido do Presidente da República, liderar as discussões finais com as forças políticas visando a estabilidade do país. Informarei ao chefe de Estado, na quarta-feira à noite, se isso é viável ou não, para que ele possa tirar as conclusões necessárias”.
Le Pen e Panot exigem a saída imediata de Macron
A oposição reagiu de forma severa a mais um desdobramento da crise. Marine Le Pen, líder da União Nacional, acusou Emmanuel Macron de “manter o país em uma farsa política” e exigiu que o presidente “escolha entre renunciar ou dissolver a Assembleia Nacional”.
“A comédia já se estendeu por tempo demais. A farsa precisa chegar ao fim”, declarou Le Pen, em comentários veiculados pela imprensa francesa.
Por parte da extrema-esquerda, Mathilde Panot, líder do partido La France Insoumise, afirmou que “a contagem regressiva começou” e defendeu que “Macron deve deixar o cargo”.
“Assumirei a responsabilidade”, assegura Macron
O Palácio do Eliseu enfatizou que o chefe de Estado está “plena e ciente da seriedade da situação” e que “assumirá a responsabilidade” caso as negociações conduzidas por Lecornu não resultem em uma solução aceitável.
Fontes do jornal Le Figaro indicam, no entanto, que mesmo em caso de sucesso nas conversas, Sébastien Lecornu não pretende retornar ao cargo de primeiro-ministro, o que deixaria Macron novamente enfrentando o desafio de nomear um novo chefe de Governo – o quarto desde 2024.
O presidente francês, que na sexta-feira participou da cerimônia aniversária de reunificação alemã em Saarbrücken, está diante de um dos períodos mais desafiadores do seu mandato. Analistas em Paris alertam que a permanência da crise pode paralisar o Executivo e intensificar a fragmentação política no Parlamento, onde nenhuma força conta com maioria absoluta desde as eleições legislativas de 2022.
Diante de uma incerteza política sem precedentes desde a V República, Emmanuel Macron busca agora evitar um colapso governamental e, ao mesmo tempo, preservar sua autoridade presidencial, em um momento em que seu campo político enfrenta divisões internas e o crescimento constante da extrema-direita.
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