Há algum tempo venho observando um padrão em muitas empresas: a pressão para exibir felicidade e bem-estar incessantemente. Escritórios de felicidade, projetos internos, publicações meticulosamente planejadas. Sorrisos ensaiados e entusiasmo artificioso. Tudo para passar a ideia de que tudo está em ordem.

Recentemente, fui testemunha de um caso que ilustra bem esse exagero. Um líder, em um vídeo quase dramático, entregando um prêmio, em forma de dinheiro, a um colaborador. O funcionário, coitado, tentava ocultar o desconforto, enquanto o líder parecia exibir sua generosidade. Chamam isso de “marca pessoal”. Para mim, é um exemplo da teatralidade que se tornou comum nas empresas: ações autênticas transformadas em espetáculo para o público, sem ligação direta com resultados tangíveis.

O problema é que essa narrativa muitas vezes não espelha a realidade do dia a dia. Crises, cortes de pessoal e decisões estratégicas difíceis permanecem escondidos, ofuscados pelo show de positividade. Quanto maior a exposição, maior a desconexão entre a percepção e a verdade.

Não estou sugerindo que seja uma abordagem binária. O silêncio ou contenção planejada não é sinal de fraqueza. Muitas vezes, é sinônimo de disciplina, rigor e ações fundamentadas. O excesso de exposição, por outro lado, gera superficialidade, expectativas irreais e uma ilusão de normalidade.

O “Gato Preto” desta análise é exatamente essa superexposição. Um lembrete de que o verdadeiro desempenho empresarial depende de processos internos robustos, métricas confiáveis e decisões cuidadosas. É aquilo que não se vê, mas que sustenta a organização e assegura resultados concretos.

Portanto, quando você se deparar com sorrisos exagerados e gestos artificiais, pergunte-se: estaremos confundindo espetáculo com realidade? A comunicação atrativa pode ser eficaz, mas também pode ser enganosa. E é isso que faz deste estudo de caso do Gato Preto algo relevante. A realidade empresarial continua silenciosa, concreta e essencial.