Pesquisas recentes mostram que as roupas que usamos no dia a dia podem expor-nos a substâncias químicas que podem ser prejudiciais à saúde. O problema vai além do conforto e da aparência das peças; trata-se dos tratamentos e aditivos utilizados nos tecidos durante todo o processo de fabricação, conforme alerta o portal científico ScienceDirect. Muitos desses produtos químicos entram em contato direto com a pele e, em algumas situações, podem se acumular no organismo.

Tecidos como poliéster, elastano e nylon não são, por si só, perigosos, mas os acabamentos aplicados podem migrar para a pele. Entre esses produtos estão retardantes de chama, solventes residuais e corantes, que podem representar riscos dependendo do tipo de tratamento, da quantidade e do tempo de contato com a pele.

PFAS e formaldeído: substâncias persistentes e irritantes

Um dos grupos de substâncias mais alarmantes são os PFAS, compostos per e polifluorados utilizados para proporcionar impermeabilidade e resistência a manchas. Eles incluem PFOA e PFOS, que são duradouros no organismo e no meio ambiente, e estão associados a impactos sobre o sistema endócrino, redução da fertilidade e aumento do risco de determinadas doenças em casos de exposição prolongada.

Já o formaldeído é comumente encontrado em tecidos tratados para serem anti-rugas e em acabamentos que evitam encolhimento. Considerado cancerígeno em exposições prolongadas, esse composto também pode causar irritações respiratórias.

Embora o algodão seja uma fibra natural, a produção convencional faz uso de pesticidas, incluindo organofosforados que são neurotóxicos. Exposições agudas e intensas podem resultar em efeitos graves. Produtos em PVC, como cintos, sapatos ou bolsas, contêm ftalatos que são utilizados como plastificantes, reconhecidos como disruptores endócrinos que, sob certas condições de exposição, podem ter riscos reprodutivos.

Outro alerta emitido por especialistas refere-se à liberação de microfibras e microplásticos de tecidos sintéticos durante a lavagem e uso. Essas partículas foram encontradas em ambientes humanos e em amostras biológicas, sendo as consequências a longo prazo ainda incertas, mas consideradas um risco emergente acumulativo.

A fibra de bambu disponível no mercado é, na maioria das vezes, viscose obtida quimicamente da celulose. O processo de produção pode envolver o uso de dissulfeto de carbono, o que gera impactos ambientais e na saúde dos trabalhadores. As alegadas propriedades antibacterianas ou de proteção UV do bambu geralmente estão relacionadas a tratamentos adicionais ou estratégias de marketing, não à fibra em si.

Os especialistas recomendam optar por roupas menos tratadas, que forneçam informações claras sobre acabamentos, e lavar as peças novas antes do primeiro uso. Escolher tecidos que possuam certificados ambientais e de segurança, ler as etiquetas e apoiar cadeias de produção transparentes são medidas eficazes para diminuir a exposição a substâncias químicas nocivas, sem comprometer conforto ou estilo.

A atenção a esses detalhes simples pode reduzir riscos ocultos à saúde, transformando escolhas diárias de vestuário em ações eficazes de proteção pessoal.