A Fitch antecipa um saldo negativo de aproximadamente 0,7% do PIB em 2026, em contrapartida à previsão do Governo de um superávit de 0,1%. No entanto, manifestou à Lusa a confiança no “forte comprometimento com a responsabilidade orçamental”.

Segundo a perspectiva da agência de classificação financeira, “a maior obtenção de financiamentos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), cortes adicionais nos impostos e o crescimento do investimento público contribuirão para o aumento do saldo orçamental”, declarou o analista Utku Bora Geyikci.

Apesar disso, o analista enfatizou que “mesmo com um saldo negativo de 0,7%, a Fitch percebe um sólido comprometimento com a responsabilidade orçamental, com o défice significativamente abaixo da mediana esperada para a classificação A, que é em torno de 3% em 2026”.

Para que seja possível atingir um superávit, seria necessário um “desempenho mais robusto nas receitas e/ou um controle de despesas mais rigoroso do que no cenário base, ou ainda um ambiente macroeconómico mais favorável”.

No mês de setembro, a Fitch elevou o ‘rating’ de Portugal de A- para A, mantendo uma ‘perspectiva’ estável.

Essa decisão foi fundamentada “nos critérios de crédito de médio prazo e na estabilidade política do país, e não em um resultado anual”, salientou o analista, ressaltando que “um plano claro de consolidação oferece uma direção positiva, mas o progresso depende da execução eficaz e de um desempenho contínuo que atenda ou supere as expectativas”, explicou.

O Governo apresentou no parlamento o OE2026, no qual antecipa um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2% neste ano e de 2,3% em 2026.

A administração objetiva alcançar superávits de 0,3% do PIB em 2025 e 0,1% em 2026. Quanto à relação da dívida, propõe uma redução para 90,2% do PIB em 2025 e 87,8% em 2026.