O PSD e o CDS são os responsáveis pela execução, enquanto a Iniciativa Liberal é vista como a “lebre populista” e o Chega, como a “fábrica de inverdades, retórica e alvoroço; o abridor do pior da política à direita”. Essas observações sobre a direita foram reiteradas por Paulo Raimundo no tradicional comício da Festa do Avante!, que se encerrou neste domingo, na sua 49.ª edição. Mas as críticas também se dirigiram novamente à esquerda.

“Enquanto isso, temos um Partido Socialista a competir com o Chega para saber quem é mais cúmplice do Governo, o par ideal no Orçamento de Estado”, alfinetou o secretário-geral do PCP. “A política de direita não se enfrenta oferecendo apoio, mas sim resistindo. O PS está disposto a dar não apenas uma, mas as duas mãos ao Governo e sua política.”

Antes de fazer suas críticas, Raimundo começou sua fala exigindo que Portugal reconheça o Estado da Palestina “imediatamente” e sem pré-condições. “Não é admissível ignorar o genocídio”, afirmou, criticando repetidamente a “cultura bélica”, que teria sido estipulada como prioridade pelo Executivo liderado por Luís Montenegro, com o “apoio de outros partidos”.

“5% do PIB é um montante significativo para habitação, hospitais, creches e transportes. É muito para a cultura, para reduzir a pobreza, para povoar o interior, para preservar florestas”, enumerou, referindo-se ao novo objetivo de investimento da NATO na Defesa.

Tão tradicionais quanto o próprio comício eram as prioridades políticas dos comunistas, que foram levantadas repetidamente, como as condições de trabalho, da educação e da saúde. Na longa fala, houve espaço para condenar o uso dos “imigrantes como alvo de críticas” e para desaprovar o fato de o Governo atuar como uma “empresa de negócios”.

Negócios que podem ser observados “até nas chamas”. “O grande negócio do aluguel de aeronaves”, esclareceu. “O país não precisa dessas transações. Não se trata apenas da tragédia anual das queimadas. O problema não é a presença de um Estado, como dizem os Mileis nessas praças. O problema é o desmantelamento das estruturas públicas”, criticou.

“Os nostálgicos da Troika alegam que o país está em uma situação melhor. Sim, uma pequena parcela do país está em melhores condições”, afirmou. “Aqueles que prosperam com as transações e a grande corrupção, para eles, a vida vai muito bem”, concluiu. Para o restante, “a maioria” — trabalhadores, estudantes e pensionistas — Paulo Raimundo fez um chamado para que se mobilizem em resposta.

E apresentou uma maneira de realizar essa luta: através da mobilização nas eleições autárquicas marcadas para o dia 12 de outubro. “Independentemente das escolhas anteriores de voto, deem suporte à CDU. A CDU precisa de vocês e suas comunidades merecem”, apelou, ressaltando os milhares de independentes que fazem parte das listas dos comunistas e dos ecologistas.

Doas eleições de outubro, ele também vislumbrou as presidenciais de 2026, acreditando que a candidatura do comunista António Filipe é “indispensável” para que a Constituição portuguesa, segundo o líder comunista, “traga as soluções para os problemas do país” — sem deixar de mencionar que a Constituição completará 50 anos em 2026.

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