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Seguro triunfou ao demonstrar como António Filipe terá dificuldades para descansar no dia 18.

Filomena Martins — O confronto entre António José Seguro e António Filipe foi, antes de mais, uma disputa de diferentes
Seguro triunfou ao demonstrar como António Filipe terá dificuldades para descansar no dia 18.

Filomena Martins — O confronto entre António José Seguro e António Filipe foi, antes de mais, uma disputa de diferentes posturas: Filipe manteve-se fiel ao seu ideal político; Seguro demonstrou coragem e eficácia ao instar os eleitores a votar: “Como poderá António Filipe e toda a esquerda estar tranquilos se, no dia 18 de janeiro, um candidato de direita e outro de extrema direita avançarem para a segunda volta?”. Ao longo do debate, percebeu-se cordialidade, respeito e até alguma simpatia por parte de Seguro, mas também existiram profundas divergências sobre o passado recente e o futuro da ala esquerda.

Seguro não hesitou em expor uma teoria que ainda gera controvérsia entre a esquerda: a troika evitou a ruína de Portugal e, posteriormente, a geringonça trouxe vantagens concretas. Ele detalhou essas vantagens — como o aumento do salário mínimo, a recuperação de direitos e a estabilidade social — e deixou clara a sua mensagem: o voto útil é em si. Votar em António Filipe, na sua opinião, equivale a meio voto na direita, pois fragmenta o apoio e dificulta a presença da esquerda na segunda volta.

A respeito do arquivamento do caso Spinumviva, Seguro demonstrou uma postura confiável: espera que o assunto seja resolvido e enfatizou que o próximo Presidente deverá colaborar com o Governo vigente. Filipe, por outro lado, foi mais rigoroso na esfera ética: respeita a autonomia do Ministério Público, mas acredita que Luís Montenegro mantém a sua legitimidade constitucional e o novo PR terá que interagir com o atual primeiro-ministro.

O debate também abordou a questão da transparência patrimonial, centrando-se em Luís Marques Mendes. Filipe defendeu a necessidade de um exame público e, com ironia, exibiu sua “folha em branco”. Seguro ofereceu detalhes sobre seus rendimentos, empresas que fundou desde 2014 (incluindo vinhos e azeite), comprometeu-se a revelar uma lista de (quatro ou cinco) clientes e esclareceu que a consultoria representa apenas 12% da sua receita para 2024. Ele se posicionou de forma clara e detalhada.

Um dos momentos mais emblemáticos foi a questão da greve geral. Filipe esteve ao lado dos trabalhadores; Seguro dialogou com jovens sobre democracia. A divergência tornou-se evidente: Filipe toma uma posição, enquanto Seguro rejeita a ideia de monopolizar a defesa dos trabalhadores e se opõe a uma visão de presença constante do Estado. A discussão sobre a troika e a geringonça revelou diferentes caminhos: Filipe criticou Seguro por sua falta de ousadia; Seguro respondeu com argumentos sobre patriotismo, resultados e responsabilidade.

No cerne do debate, porém, duas vertentes da esquerda que se respeitam, mas que não se confundem. Uma de contestação; outra de governança. E Seguro destacou claramente: se a segunda volta for entre Ventura e a direita tradicional, muitos do lado esquerdo poderão ter uma noite de sono agitada. O voto útil, enfatiza, deve ser expressado agora. Nesse aspecto, ele foi persuasivo e competente.

Helena Matos — António José Seguro não encarou este debate como uma oportunidade de debate, mas antes como uma chance de promover o voto útil em sua candidatura para o eleitorado da esquerda. Não porque os comunistas estejam propensos a votar nele, mas sim para se posicionar como a única opção à qual a esquerda deve olhar se pretendem estar na segunda volta. E, em boa medida, ele alcançou esse objetivo, mesmo que isso tenha significado um certo autocontrole na hora de discutir com o candidato comunista. E cabe destacar que quando digo “autocontrole”, isso é um eufemismo: António José Seguro está limitado em suas manifestações sobre a troika (quem convocou a troika? O PS). Ele se restringe imensamente quando fala da geringonça (quem fez a geringonça? António Costa) e, mais importante, ele está inibido por natureza, e neste debate estava condicionado por desejar os votos dos comunistas. Mas, por causa disso, conseguiu seu objetivo de deixar claro: se desejam um presidente de esquerda, sou a única opção.

Quanto a António Filipe, naquele que foi o momento mais encenado do debate, ele apresentou uma folha em branco para exibir a lista de clientes. A página vazia era a imagem que ele representava: um defensor de funcionários públicos e de partidos, enquanto os demais estão sob suspeita. Durante o restante do debate, António Filipe fez o que costuma fazer bem: evitar respostas diretas, confundir e, com tudo devidamente misturado, contra-atacar. Às vezes isso funciona, mas nesta ocasião não teve sucesso. Como teria António Filipe como desmentir a ideia de António José Seguro de que ele, Seguro, é o único candidato da esquerda com chances na segunda volta? Ele não poderia.

Luís Rosa — Ao analisar um debate, é crucial considerar a eficácia política das mensagens apresentadas, sem perder de vista os temas escolhidos e as propostas dos candidatos. O debate girou em torno de Luís Marques Mendes e seus clientes como advogado e consultor. António Filipe fez a apresentação da folha em branco sobre seus clientes — ele é um acadêmico e político, portanto nunca teve atividade privada — e a promessa de António José Seguro de “revelar os 4 ou 5 clientes” que teve na consultoria por “ter seguido seu caminho” após deixar a política. O verdadeiro vencedor aqui foi Luís Marques Mendes, que conseguiu marcar o debate com sua instigação para que os outros candidatos divulgassem seus clientes. Mas também fica a questão para os eleitores: querem que apenas funcionários públicos e professores universitários sejam os candidatos ou preferem que cidadãos com experiência do setor privado também se lancem? A eficácia da folha em branco de Filipe depende dessa resposta.

Com isso, muito tempo foi perdido discutindo sobre o passado: o período da assistência financeira da troika em Portugal entre 2012 e 2015. Um assunto com mais de uma década que pouco interessa ao eleitorado, que, presumo, deseja ouvir mais sobre o presente e o futuro. Contudo, o fato de quase metade do debate ter se centrado na época da troika é mérito de António Filipe, que, de maneira astuta, conseguiu irritar António José Seguro ao associar o ex-líder do PS a Passos Coelho e às medidas de austeridade implementadas então. Isso demonstra uma eficácia política que agradará aos eleitores da extrema-esquerda, que veem Seguro (ou qualquer líder moderado do PS) como um arriscado “neoliberal”.

No entanto, tenho dúvidas de que a maioria dos portugueses concordem com António Filipe. É verdade que o candidato comunista fez ataques eficazes (como “eu colaborei com o governo da geringonça para reverter as medidas da troika a que você não se opôs”), mas é provável que grande parte do eleitorado aceitem o discurso de “responsabilidade” de Seguro que, em um momento importante, pensou no país, não em seus interesses pessoais. Por outro lado, Seguro ganhou pontos ao classificar o PCP e Filipe como promotores de uma “cultura de trincheira”, em oposição a uma “cultura de diálogo”, algo que se alinha mais à função presidencial.

O restante do debate foi marcado pela discussão do voto útil — que Seguro rapidamente trouxe à tona. António Filipe respondeu com a ideia de que os “ovos” de Seguro pertencem ao mesmo cesto que os “ovos de Marques Mendes e Gouveia Melo”, mas Seguro conseguiu manter a vantagem com uma ideia simples que se conecta facilmente com os eleitores: Seguro é o único candidato à esquerda que pode avançar para a segunda volta. “Votar nele ou em outros candidatos à minha esquerda é meio voto na direita”, disse Seguro. Filipe disse que nunca desistiria a seu favor, pois “Seguro não é Salgado Zenha ou Jorge Sampaio”, mas Seguro se manteve forte com uma resposta impactante: “Nem me comparo a essas figuras. Mas o fato é que a única candidatura de esquerda com chances de avançar é a minha.” Na questão da Ucrânia, que teve pouco tempo de debate, recebeu pouca substância: António Filipe agora reconhece a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas não consegue criticar o ditador Vladimir Putin. Como uma “pomba da paz”, Filipe mantém um longo histórico de cumplicidade e apoio do Partido Comunista Português a ditadores, seja na Rússia ou em outras partes do mundo.

Pedro Jorge Castro — Truques simples para combater a insônia: respirar longamente seis segundos várias vezes até relaxar; distrair a mente enumerando cidades em ordem alfabética; tomar um banho morno ou consumir um chá de camomila. Essas estratégias podem ser úteis para muitos eleitores de esquerda na noite de 18 de janeiro, caso somente candidatos de direita avancem para a segunda volta das eleições presidenciais.

Seguro foi extremamente eficiente ao apelar ao voto útil, usando a imagem de que António Filipe não teria uma boa noite de sono nas eleições caso a segunda volta fosse entre Marques Mendes e Ventura. António Filipe pode não sofrer de insônia, mas cerca de 25% dos portugueses já têm dificuldades para dormir, de qualquer forma. Além de sua eficácia, Seguro não precisou comprometer sua imagem de moderação para atrair eleitores de António Filipe (e, por extensão, de Catarina Martins e de Jorge Pinto, mesmo que em números reduzidos).

O que se viu foi um debate extremamente civilizado, com Baptista Bastos atuando de forma persistente, não perguntando “Onde estavam no 25 de Abril”, mas sim onde estavam no dia da greve geral, ou quando foi proposta a TSU durante a troika, ou durante a geringonça.

António Filipe fez o que pôde para agradar ao seu eleitorado habitual: tirou do bolso a folha em branco com sua lista de clientes — mas Seguro reforçou sua ligação com a realidade, afirmando que trabalha sem depender da política; acusou Seguro de não ser Salgado Zenha nem Jorge Sampaio e de não ser nem uma coisa nem outra — mas o adversário conseguiu não se deixar levar pela irritação e salientar o apelo ao voto útil já na primeira volta, para evitar noites de insônia desagradáveis.

Recorde aqui:

o debate entre Cotrim Figueiredo e André Ventura

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