
D. José Ornelas deu início ao XVI Encontro de Bispos das Nações de Língua Portuguesa, que está a ocorrer em território português
Alfragide, 09 de setembro de 2025 (Ecclesia) – O líder da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) enfatizou hoje os riscos dos “populismos”, durante uma discussão sobre migrações, convocando as Igrejas lusófonas a unirem esforços neste aspecto.
“Este cenário deve também moldar nossa contribuição para uma cultura que leve nossos governantes a resistir a populismos manipuladores, a agir de forma responsável ao receber os migrantes e a integrar aqueles que chegam com dignidade e justiça”, afirmou D. José Ornelas, na abertura do XVI Encontro de Bispos das Nações de Língua Portuguesa, que acontece entre hoje e sexta-feira, em Lisboa e Fátima, reunindo líderes católicos de oito países.
A declaração destacou que a mobilidade humana conecta essas nações, “ampliada por laços históricos e linguísticos”.
“Neste momento, essa mobilidade é tema de intenso debate, manipulação e oportunismo, cujas consequências afetam os mais vulneráveis, aqueles que buscam uma vida digna para si e suas famílias. Este é um assunto que não pode ser ignorado”, reforçou.
A Igreja é, por definição, peregrina: prepara-se para partir, acompanha aqueles que se afastam para que não caiam nas armadilhas de oportunistas e traficantes, e acolhe os que chegam. Deve ser sempre um espaço de experimentação e um viveiro de interações que geram novas colaborações e solidariedade humana e samaritana.”
O bispo de Leiria-Fátima destacou a “mobilidade complexa e multicultural” da atualidade e a relevância do português, que é falado em quatro dos cinco continentes.
“Na língua que nos une, trabalhemos juntos para afirmar a unidade na fé, respeitando a diversidade de suas manifestações, nas palavras, incluindo a Palavra das Escrituras que moldou nossas línguas, nas preces, na música e nas diversas formas artísticas que compõem as culturas de nossos países”, convocou.
O presidente da CEP mencionou o impacto histórico do colonialismo, reconhecendo a ocorrência de “abusos de poder e violações da dignidade das populações e culturas, entre os quais a escravidão humana representa uma ferida escandalosa que não pode ser olvidada”.
“A verdade purificadora da nossa memória coletiva é essencial para curar feridas e construir um futuro de verdadeira fraternidade, na dignidade comum de irmãos e irmãs, constantemente renovada pelo Espírito do Pentecostes”, prosseguiu.
O XVI Encontro de Bispos das Nações de Língua Portuguesa tem como tema ‘Promover a paz na hospitalidade’.
D. José Manuel Imbamba, arcebispo de Saurimo e presidente da Conferência Episcopal Católica em Angola e São Tomé (CEAST), discursou na sessão inaugural, denunciando uma “cultura da violência” global.
“Este encontro ocorre num momento em que o mundo enfrenta uma noite densa de trevas devido ao acúmulo de tensões entre nações e às guerras, algumas amplamente divulgadas e outras esquecidas ou silenciadas, que se espalham praticamente por todos os continentes, cujos horrores e crueldades clamam ao céu”, afirmou.
O arcebispo angolano referiu-se a “mortes indiscriminadas e deslocamentos forçados de pessoas e famílias”.
“Esta situação, como podemos observar, tem exacerbado ainda mais a crise do direito internacional, a pobreza, a injustiça social, o desrespeito pela vida, gerando um ambiente em que a mentira pesa mais do que a verdade”, observou o presidente da CEAST.
Conforme D. José Manuel Imbamba, as Igrejas de língua portuguesa “buscam fazer da hospitalidade um passo essencial para promover uma cultura de encontros enriquecedores, abraços acolhedores, inclusão dignificadora, diálogo integrativo, justiça restauradora, amor transformador e paz libertadora”.
Esses encontros têm sido uma excelente oportunidade para, ancorados na mesma fé, em um só coração e compartilhando a mesma língua, sentir e compreender, a partir de nossas Igrejas particulares, o pulsar do amor cristão sem fronteiras, um amor que une pessoas e comunidades, transforma e liberta culturas, alimenta a esperança, promove a cultura da comunhão, da hospitalidade, do perdão, da reconciliação, da justiça e da paz.”
A sessão inaugural ocorreu no Seminário Nossa Senhora de Fátima (Dehonianos), em Alfragide, com representantes da Igreja Católica de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
O programa também inclui uma audiência com o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, ainda hoje, e a participação no Colóquio ‘Fraternidade, novo nome para a Paz’, promovido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, em celebração do 35.º aniversário deste organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, que ocorrerá na manhã de quarta-feira, no Auditório da Rádio Renascença.
D. José Ornelas mencionou este encontro, ressaltando o “caminho de partilha de situações, desafios e oportunidades, que nos levam a efetivos caminhos de comunhão e solidariedade genuína”.
“Que o Espírito do Senhor nos guie neste encontro e na realização de projetos de sinodalidade entre nossas igrejas, como uma contribuição para um mundo mais humano, mais fraterno e pacífico”, desejou o presidente da CEP.
Na sexta-feira, os participantes se reunirãom com a imprensa para apresentar as conclusões, às 10h00, no Seminário Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide.
O programa também prevê a participação nas celebrações da peregrinação internacional de 13 de setembro, em Fátima.
O encontro de bispos dos países de língua portuguesa iniciou-se em maio de 1996, com o objetivo de “fortalecer a comunhão eclesial e promover a cooperação em favor das comunidades lusófonas”.
PR/OC
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