
O encontro organizado pela Conferência Episcopal Portuguesa ocorrerá no próximo sábado em Fátima, reunindo instituições diocesanas e nacionais.
Lisboa, 12 nov 2025 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) ressaltou que o ‘Fórum Migrações’, promovido pela Conferência Episcopal, tem como objetivo entender as ações da Igreja em diferentes contextos e criar conexões entre os setores envolvidos.
“A intenção é nos reunirmos e compartilharmos, em primeiro lugar, o que está acontecendo nas comunidades. A situação atual em nossa sociedade justifica este encontro. Precisamos compreender o que a Igreja defende no contexto das migrações”, afirmou Eugénia Quaresma, durante uma entrevista no Programa ECCLESIA, que foi ao ar hoje na RRP2.
Fátima será o local de um encontro nacional no próximo sábado para discutir a questão das migrações, promovido pelo Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
A diretora da OCPM afirmou que é “fundamental” que organismos diocesanos e nacionais se conheçam e entendam o que está sendo feito em todo o país, incluindo as regiões autónomas.
Não é suficiente ter diretrizes pastorais; é necessário entender como elas estão sendo aplicadas na prática e, talvez, ajustar o trabalho de sensibilização de nossas comunidades cristãs para essa realidade”, destacou.
Bispos, secretarias, Cáritas, Comissão Nacional Justiça e Paz, e ordens religiosas que lidam com migrações estão convidados ao ‘Fórum Migrações’.
“Cada diocese enviará um bispo e mais cinco representantes para refletir e, com certeza, voltar com um compromisso para implementar essa realidade em seu território”, mencionou Eugénia Quaresma.
O evento contará ainda com a presença de Rui Marques, ex-alto comissário para a Imigração, e Pedro Góis, diretor do Observatório das Migrações, que contribuirão para o debate com suas experiências, tanto em relação às políticas públicas quanto nas relações institucionais.
A discussão será fundamentada em dados concretos, enfatiza a diretora da OCPM, que enfatiza a importância de que todas as ações sejam “baseadas em fatos e na compreensão da realidade”.
“Não podemos nos basear apenas em percepções, pois isso poderia distorcer as relações e levar a atitudes inadequadas, além de obscurecer as contribuições significativas que muitas dessas pessoas trazem para o nosso país”, afirmou.
Eugénia Quaresma destaca a importância de refletir sobre como seria a sociedade caso os migrantes não ocupassem posições de trabalho em áreas como serviços, agricultura e construção.
“E mesmo com esses papéis ocupados, parece que ainda há uma lacuna. Precisamos também estabelecer conexões com nossa diáspora fora do país. Portanto, temos que pensar sobre as migrações de uma maneira diferente”, observou.
Segundo ela, as migrações devem ser vistas primeiro como “um fenômeno humano e natural”, em segundo lugar, como “uma estratégia para enfrentar a pobreza”, e finalmente, “como uma estratégia essencial para o desenvolvimento dos países de acolhimento”.
O alarmismo não é produtivo. O que devemos ter é políticas públicas que respeitem essa necessidade e a liberdade das pessoas de emigrar ou permanecer, já que muitas delas também não desejam sair”, argumentou.
Além disso, Eugénia Quaresma acredita que é necessário exigir “dos decisores políticos uma maior preocupação com o desenvolvimento e a promoção de um diálogo entre nações”.
Assim, o encontro nacional sobre migrações representa “uma oportunidade” para investigar as “causas” desse fenômeno, identificar quem são as pessoas presentes no território e entender as razões de suas saídas dos países de origem, abordando também os medos tanto de quem já reside quanto de quem chega, mencionou Eugénia Quaresma.
A diretora da OCPM descreve que o Fórum será uma ocasião para “reavaliar as diretrizes pastorais” e “o que têm representado, desde 2019, as campanhas para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado”, que propõem uma pedagogia voltada para acolher, proteger, incluir e dialogar.
“Estamos em um momento ideal para construir laços entre os diferentes setores da Igreja, pois por vezes temos facilidade em interagir com as câmaras municipais, com centros de saúde, mas essa conexão dentro da Igreja ainda precisa ser fortalecida. Acredito que este fórum serve também para esse propósito”, concluiu.
HM/LJ/OC
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