Colaborador do Papa enfatiza a importância do ecumenismo e do diálogo inter-religioso na visita à Turquia e ao Líbano

Lisboa, 26 de novembro de 2025 (Ecclesia) – O cardeal D. José Tolentino Mendonça afirmou hoje que a primeira viagem apostólica do Papa Leão XIV, que tem como destino a Turquia e o Líbano, estabelece um “plano de diálogo” para o seu pontificado.

“É uma viagem onde o diálogo se faz necessário. O diálogo inter-religioso e o diálogo com outras comunidades cristãs”, destacou ele aos jornalistas, como prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação da Santa Sé.

Durante a apresentação de seu novo livro na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa, o cardeal português ressaltou o significado simbólico desta viagem, que começa amanhã.

Para D. José Tolentino Mendonça, a escolha destes países projeta a Igreja Católica como “um ponto de encontro para a humanidade neste momento da história”, ressaltando também a importância de celebrar os 1700 anos do Concílio de Niceia, um evento que “influencia profundamente o cristianismo”.

A antiga cidade de Niceia sediou, em 325, o primeiro concílio ecumênico, com a missão de manter a unidade da Igreja frente a correntes teológicas que negavam a plena divindade de Jesus Cristo e sua igualdade com o Pai, reunindo cerca de 300 bispos convocados pelo imperador Constantino.

Os participantes acabaram por estabelecer o ‘Símbolo de fé’, o Credo, que ainda é recitado nas celebrações eucarísticas dominicais.

A primeira fase da viagem, de 27 a 30 de novembro, levará o Papa à Turquia, um país onde a comunidade católica é minoritária, representando apenas 0,04% da população (aproximadamente 33 mil católicos em um total de 85,8 milhões de habitantes).

O logotipo da visita à Turquia destaca o lema “Um só Senhor, uma só fé, um só batismo”, com a imagem da Ponte dos Dardanelos simbolizando a conexão entre a Ásia e a Europa.

No domingo, 30 de novembro, o Papa irá ao Líbano, um país com mais de 2 milhões de católicos (cerca de 45% da população) e uma estrutura eclesiástica composta por 24 circunscrições e mais de mil paróquias.

Com o lema “Bem-aventurados os obreiros da paz”, essa etapa tem como objetivo demonstrar solidariedade ao povo libanês e incentivar a reconciliação em um contexto regional desafiador.

Francisco esteve na Turquia em 2014, e Bento XVI visitou o país em 2006, seguindo as visitas de Paulo VI, em 1964, e João Paulo II, em 1979.

Três Papas visitaram o Líbano nos tempos modernos: Paulo VI, em 1964; João Paulo II, em 1997; e Bento XVI, em 2012.

D. José Tolentino Mendonça, que participou do Conclave em maio, compartilhou sua perspectiva sobre os primeiros meses do papado de Leão XIV, descrevendo uma evolução no relacionamento com os fiéis.

“Percebo como ele deseja cada vez mais se relacionar, como a empatia cresce. Existe uma espécie de proximidade na interação dele com os peregrinos”, observou.

Conforme o cardeal português, a Igreja enfrenta um momento de “desafio do conhecimento” para entender “quem é este cardeal que os cardeais e o Espírito Santo escolheram”, passando da surpresa à “escuta de sua visão”.

OC

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