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Cardeal Tolentino Mendonça convoca à «sabedoria coletiva» para superar a «divisão» em sua nova obra

«Temos a capacidade de buscar soluções, de criar alternativas e de traçar novos caminhos», afirma o prefeito do Dicastério para
Cardeal Tolentino Mendonça convoca à «sabedoria coletiva» para superar a «divisão» em sua nova obra

«Temos a capacidade de buscar soluções, de criar alternativas e de traçar novos caminhos», afirma o prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação, que revelou seu novo livro

Lisboa, 26 de novembro de 2025 (Ecclesia) – O cardeal português D. José Tolentino Mendonça apresentou hoje em Lisboa sua mais recente obra, ‘Para os Caminhantes Tudo é Caminho’, descrevendo o livro como uma reação à “complexidade” da época atual e um chamado à esperança.

Em entrevista aos repórteres na Universidade Católica Portuguesa (UCP), o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação (Santa Sé) ressaltou que a sociedade está passando por uma “mudança de época” e uma “aceleração intensa”, que requerem “recursos internos” e uma “escuta possivelmente mais atenta”.

“A palavra que melhor sintetiza nosso tempo é complexidade. Estamos vivendo momentos que exigem de nós habilidades” para encontrarmos respostas que “não sejam superficiais ou unidimensionais”, declarou o cardeal e poeta.

Ele afirmou que a obra busca promover a busca de soluções que superem “a lógica do conflito ou a lógica da polarização”, visando o bem comum.

Num contexto em que se debate o impacto da Inteligência Artificial, D. José Tolentino Mendonça enfatizou a importância de valorizar a “inteligência social”.

“Juntos, somos capazes de buscar soluções, de criar alternativas, de traçar caminhos”, defendeu, frisando que este é o momento de “afirmar a esperança” e de forjar “alianças em prol de uma visão comunitária”.

A capa da publicação traz uma imagem de um Barbusano, uma árvore típica da Laurissilva, que o cardeal caracteriza como uma “lição de vida” e um símbolo da “Orla” atlântica (Madeira, Açores, Canárias).

“O Barbusano prospera nos locais mais desafiadores onde, para fazer a vida florescer, é necessário lutar ainda mais”, comentou, aludindo à resiliência necessária para “iluminar a paisagem”, como um “milagre verde”.

Quando questionado sobre sua produção poética, o cardeal compartilhou que continua a criar, definindo a poesia como um “laboratório da vida”.

“Não se trata apenas de uma consequência, mas também de uma causa”, afirmou D. José Tolentino Mendonça.

“Há uma inteligência que se expande quando transicionamos do eu para o nós.”

Durante sua apresentação, que aconteceu no Auditório Cardeal Medeiros, o autor alertou sobre um “déficit de confiança” na sociedade e ressaltou o desafio de transmitir essa mensagem às novas gerações.

A obra, publicada pela Quetzal, compila crônicas e reflexões que tocam em assuntos como o Natal e a inter-relação entre culto e cultura, alertando para o risco de a cultura se desvirtuar ao “cancelar a memória do culto”.

“Chegará o momento em que compreenderemos que a sabedoria consiste em amar tudo. É celebrar os dias sem esquecer a relevância das horas; contemplar as grandes torrentes sem deixar de agradecer cada gota de orvalho; valorizar o pão sem, no entanto, desconsiderar o gosto das migalhas”, é o que se pode encontrar na sinopse da obra.

Este é o sétimo livro de D. José Tolentino Mendonça publicado pela Quetzal Editores, seguindo outras obras como “O Pequeno Caminho das Grandes Perguntas” (2017), “Elogio da Sede” (2018), “Uma Beleza Que nos Pertence” (2019), “O Que É Amar Um País” (2020), “Rezar de Olhos Abertos” (2020), “Metamorfose Necessária” (2022) e “A Vida em Nós” (2024).

A obra de 200 páginas apresenta várias reflexões sobre diversos temas, incluindo o Natal, com o autor enfatizando que “todo este patrimônio simbólico que se tornou cultura um dia já foi culto”.

“O espaço que hoje pertence ao Pai Natal um dia foi destinado ao presépio”, escreve D. José Tolentino Mendonça, que agrega que “o papel ativo que o comércio desempenha atualmente foi anteriormente, de forma exclusiva, realizado pela religião”.

No evento de lançamento, Francisco José Viegas, diretor editorial da Quetzal, e a professora Teresa Bartolomei fizeram intervenções iniciais.

“Existem muitos guias de autoajuda que nos ensinam algo, como se a vida pudesse ser aprendida por meio de técnicas. Este livro, no entanto, é diferente”, destacou a docente universitária.

A reitora da UCP, Isabel Capeloa Gil, enviou uma mensagem em vídeo, se unindo à cerimônia com uma mensagem de agradecimento ao cardeal madeirense e ressaltando a importância de “prestar atenção ao inesperado”.

D. José Tolentino Mendonça nasceu em Machico (Diocese do Funchal) em 1965; foi ordenado como padre em 1990 e elevado ao episcopado em 28 de julho de 2018.

O cardeal português é doutor em Teologia Bíblica, tendo ocupado, entre outras funções, os cargos de reitor do Colégio Pontifício Português, em Roma; diretor da Faculdade de Teologia da UCP; e diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

Foi criado cardeal pelo Papa Francisco em 5 de outubro de 2019 e atualmente é prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação, após ter dirigido a Biblioteca e o Arquivo da Santa Sé.

Questionado sobre sua continuidade no cargo de prefeito, D. José Tolentino Mendonça deixou a decisão a critério do Papa.

“Deixamos ao Santo Padre toda a liberdade para que ele possa decidir”, declarou.