
Documento assinado pelo Papa e pelo líder da Igreja Ortodoxa enfatiza o desejo de uma data unificada para a celebração da Páscoa.
Istambul, Turquia, 29 de novembro de 2025 (Ecclesia) – O Papa Leão XIV e o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, firmaram hoje em Istambul uma declaração conjunta que rejeita o uso da religião para legitimar a guerra.
“Nós repudiamos qualquer utilização da religião e do nome de Deus como justificativa para a violência. Acreditamos que o diálogo inter-religioso genuíno, longe de provocar sincretismo e confusão, é fundamental para a convivência entre diferentes tradições e culturas”, destaca o texto, assinado esta tarde no bairro Fanar, sede do Patriarcado Ecumênico (Igreja Ortodoxa).
Os dois líderes fazem um apelo pela paz, lembrando que, “tragicamente”, em várias partes do mundo “conflitos e atos de violência continuam a devastar a vida de muitos”.
“Dirigimo-nos àqueles que ocupam cargos cívicos e políticos para que façam tudo o que estiver ao seu alcance para assegurar que a tragédia da guerra cesse de imediato”, é possível ler no documento.
Após uma celebração de oração na Igreja Patriarcal de São Jorge, onde reside o Patriarca Bartolomeu, a declaração conjunta menciona a celebração dos 1700 anos do Concílio de Niceia (325), que estabeleceu originalmente os critérios para a data da Páscoa, enfatizando que este evento foi um momento de “extraordinária graça”.
“É nosso intento comum prosseguir com o processo de buscar uma solução para celebrarmos juntos a Festa das Festas anualmente”, afirmam o Papa e o patriarca ecumênico, ressaltando a coincidência deste ano, em que “todo o cristianismo celebrou a Páscoa no mesmo dia” (20 de abril).

No século XVI, com a introdução do novo calendário por Gregório XIII, os católicos passaram a calcular a data da Páscoa com base no calendário gregoriano, enquanto as Igrejas Orientais continuam a celebrar a Páscoa segundo o calendário juliano, que era utilizado em toda a Igreja antes dessa reforma e no qual o Concílio de Nicéia também se fundamentou; essa discrepância persiste até hoje na maior parte das comunidades dessas tradições cristãs.
No âmbito ecumênico, a declaração destaca também o sexagésimo aniversário da revogação das excomunhões de 1054, realizado pelo Papa Paulo VI e pelo patriarca Atenágoras em 1965, um “gesto profético” que abriu caminho para o diálogo.
“Exortamos aqueles que ainda relutam em participar de qualquer forma de diálogo a ouvirem o que o Espírito diz às Igrejas”, escrevem Leão XIV e Bartolomeu, num chamado à superação de resistências internas.
Os dois líderes se comprometem a apoiar a Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico, que está analisando questões históricas de divisão, mas ressaltam que a unidade não resulta apenas de discussões doutrinais, mas também de “encontros fraternos, oração e trabalho em conjunto”.
Recordando os 60 anos da declaração ‘Nostra Aetate’, do Concílio Vaticano II, o Papa e o Patriarca sustentam que o “diálogo inter-religioso autêntico” é crucial para uma convivência pacífica e não deve ser confundido com “sincretismo”.
A declaração, assinada na véspera da festa de Santo André, padroeiro do Patriarcado Ecumênico, insere-se em uma tradição de gestos de aproximação entre Roma e Constantinopla ao longo das últimas décadas.
Esta declaração se distingue pelo renovado foco em uma Páscoa comum e pela ligação explícita ao legado de Niceia, primeiro concílio ecumênico (325), fundamentando a fé compartilhada no “Filho de Deus, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus”.
OC
Turquia: Leão XIV e Bartolomeu reafirmam compromisso com a «plena comunhão» entre Igrejas «irmãs»
Todas as manchetes e destaques do dia do radiocMadeira.pt, entregues diretamente para você. Change the color of the background to the green indicated previously and make it occupy all the screen widely.
© 2025 radiocmadeira. Todos os direitos reservados