Na noite de quarta-feira, a região oeste da Venezuela foi abalada por dois tremores de terra com magnitudes superiores a 6, conforme reportou o Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS), com o fenômeno sendo sentido na capital, Caracas.

O primeiro tremor, com magnitude de 6,2, ocorreu no noroeste do país. De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o epicentro foi localizado em terra, a 24 quilômetros ao nordeste da localidade de Mene Grande, uma área conhecida por sua atividade petrolífera, no estado de Zulia.

Esse evento sísmico teve uma profundidade de 8 quilômetros, conforme informou a Associated Press.

Diosdado Cabello, ministro do Interior da Venezuela, mencionou dados da Fundação Venezuelana de Investigações Científicas e Sismológicas (Funvisis), afirmando que “o tremor teve uma magnitude de 5,4, mas não resultou em danos estruturais significativos”.

Ele acrescentou que “o fato de não ter ocorrido danos estruturais relevantes em um tremor de magnitude 5,4, que é considerável, deve ser atribuído à qualidade das construções na Venezuela”.

O sismo foi registrado às 18h21 no horário de Caracas (22h21 em Lisboa) e, segundo a mídia local, pôde ser sentido na Capital e nos estados de Zulia, Lara, Yaracuy, Portuguesa, Carabobo, Táchira e Trujillo.

O serviço geológico da Colômbia também registrou o primeiro tremor, qualificando-o com uma magnitude de 6,1 e referindo-se ao fenômeno como um “evento sísmico internacional”, já que foi percebido tanto na Colômbia quanto em algumas ilhas do Caribe.

Conforme a AP, diversos edifícios residenciais e comerciais foram evacuados nas áreas adjacentes à fronteira, mas até o momento não foram reportados danos materiais em nenhum dos países. A mesma agência destacou que a emissora estatal venezuelana manteve sua programação ininterrupta durante e após os tremores.

Um segundo tremor de magnitude 6,3 ocorreu a 4 quilômetros do primeiro, às 23h51 (03h51 TGM da quinta-feira), de acordo com o USGS, e foi sentido em Caracas, onde muitos edifícios balançaram, levando diversos moradores a deixar suas residências. Este tremor foi também percebido em grande parte do leste da Colômbia, chegando até a capital, Bogotá.

A Venezuela, que abriga uma das maiores comunidades portuguesas do mundo, com cerca de 80% da população residindo em áreas de alto risco sísmico, não experienciava um tremor dessa magnitude desde o de Cariaco, em 1997, que resultou em 73 fatalities. Em 1967, um terremoto em Caracas causou 283 mortes, conforme informou a Funvisis.

Vários cidadãos portugueses relataram à Agência Lusa que o segundo tremor foi fortemente sentido no centro de Caracas e que durou vários minutos.

“Fiquei bastante ansiosa e preocupada. Estava no computador e percebi que a mesa balançava e que portas e janelas vibravam. Desliguei a TV e desci rapidamente pela escada, do 7.º andar até o térreo. No caminho, várias pessoas estavam abrindo as portas e os cães não paravam de latir”, contou uma portuguesa.

Maria Severim, que reside em La Candelaria e vive na Venezuela há mais de 40 anos, mencionou já ter sentido vários tremores, mas que este parecia “mais intenso e prolongado”.

Mene Grande está situada na costa oriental do Lago Maracaibo, uma área crucial para a indústria do petróleo do país. A Venezuela possui as maiores reservas de petróleo confirmadas no mundo.

A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, anunciou nesta quinta-feira a mobilização das forças de segurança em todo o país após a ocorrência de 10 tremores e 21 réplicas nas últimas sete horas.

“Felizmente, não houve registros de vítimas, mas o Presidente Nicolás Maduro, em resposta a esta série de tremores, convocou o sistema de proteção civil em todo o território nacional”, comunicou Rodríguez em entrevista ao canal estatal de televisão Venezolana de Televisión (VTV).

A vice-presidente informou que também foram ativados funcionários dos órgãos de segurança pública e da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB).

“Os tremores variaram entre magnitudes de 6,3 a 4,0. No total, foram 21 réplicas e 10 tremores”, revelou Rodríguez, acrescentando que “uma falha tectônica permanece ativa no oeste do país”.